terça-feira, 30 de março de 2010

PÁSCOA FELIZ PARA TODO O MUNDO!



GOLDFINGER

segunda-feira, 29 de março de 2010

ENTÃO NÃO É QUE EU ESTAVA A ADIVINHAR CHUVA…






Vice do CJ altera decisão sobre Hulk

Agressões: Dionísio Correia começou por concordar com castigos da Liga

O membro do Conselho de Justiça (CJ) da FPF responsável pelo acórdão que ditou redução dos castigos a Hulk (de quatro meses para três jogos) e Sapunaru (de seis meses para quatro jogos), Dionísio Alves Correia, confidenciou em Coimbra, a pessoas ligadas ao futebol, que iria confirmar na íntegra a decisão da Comissão Disciplinar (CD) da Liga.

Segundo soube o CM, o também vice-presidente do CJ afirmou que não havia qualquer hipótese de entender os stewards fora da categoria dos "intervenientes no jogo com acesso ao recinto desportivo" – designação utilizada pelo Regulamento Disciplinar da Liga – e, portanto, a tese de que poderiam ser equiparados a espectadores – apresentada pelo FC Porto no recurso – não era compreensível.

Nessas conversas, Dionísio Alves Correia (conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça), que reside em Coimbra, declarou--se ainda impressionado com a fundamentação jurídica do acórdão da CD e entendia que a jurisprudência do CJ – que já definira que bombeiros e maqueiros em funções em jogos também eram "agentes desportivos" agredidos – era certa e tinha de ser seguida neste caso. Já estava inclusivamente a fazer o acórdão que iria rejeitar todas as pretensões do FC Porto.

Contudo, na reunião do CJ de 24 de Março, apresentou um acórdão em que equiparou os stewards a espectadores, pelo que as punições a Hulk e Sapunaru tinham de ser em jogos e não em período de tempo, para espanto de alguns colegas, que sabiam o que pensava Dionísio Alves Correia e estavam de acordo com ele, casos de Alexandra Pessanha (docente universitária), Maria Dulce Ferreira (procuradora da República jubilada) e Sarmento Botelho (desembargador jubilado e também residente em Coimbra). E estranharam a adopção, sem mais, da tese do FC Porto – tanto mais que, de acordo com o que ficou escrito na versão final do acórdão, o steward ser espectador "não é muito líquido nem satisfatório".

De acordo com as fontes contactadas, Alexandra Pessanha, Maria Dulce Ferreira e Sarmento Botelho também ficaram incomodados com o facto de o líder do CJ ter escrito no acórdão que os directores de segurança dos clubes – que coordenam a actuação dos stewards nos estádios – eram "agentes desportivos" porque tinham responsabilidades em relação ao recinto desportivo.








ACÓRDÃO VIA FAZ PARA LIGA E FC PORTO

Após ter sido tomada a decisão que diminuiu os castigos de Hulk e Sapunaru, o acórdão do CJ foi enviado por fax à Liga e ao FC Porto, o que não é habitual. As outras decisões, em especial a que confirmou o castigo do bracarense Vandinho (três meses por agressão ao treinador adjunto do Benfica Raul José), foram por correio e chegaram à Liga na passada sexta-feira.

O FC Porto perdeu a Taça da Liga no domingo (derrota por 3-0 diante do Benfica) e tinha jogo da Taça de Portugal em Vila do Conde na quarta-feira, dia em que foi enviado por fax o acórdão. O CM soube ainda que depois de saber que era o relator do caso Hulk e Sapunaru, Dionísio Alves Correia pediu logo à Federação Portuguesa de Futebol, através da secretária Estrela Tomás, que pedisse à Liga para enviar o acórdão da Comissão Disciplinar (CD) em ficheiro Word, mesmo antes de a Liga enviar a contestação ao recurso dos jogadores. A contestação da CD chegou à FPF em 10 de Março.

APONTAMENTOS

SOUSA LAMAS DRAGÃO

António Sousa Lamas, membro do CJ, é conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça. Vive em Aveiro mas é visto frequentemente na tribuna presidencial do Dragão, com cachecol do FC Porto.

DINIS E COSTA ANDRADE

Joaquim Sousa Dinis, presidente do CJ, é vizinho em Coimbra de Costa Andrade, na rua Machado de Castro, e tem relações próximas com o professor da Faculdade de Direito.

JOÃO LEAL FORA

Ao contrário do habitual, a reunião do CJ de 24 de Março não teve como secretário João Leal. O assessor jurídico da FPF estava no Congresso da UEFA, em Israel. A reunião foi secretariada por Estrela Tomás.

UNANIMIDADE

Apesar de Alexandra Pessanha, Maria Dulce Ferreira e Sarmento Botelho estarem contra a equiparação dos stewards a espectadores, votaram a favor do acórdão. O CM sabe que tal se deve a um pacto que existe no CJ: todas as decisões importantes têm de ter o apoio de todos os conselheiros.

COSTA ANDRADE DECISIVO

A posição de Dionísio Correia foi defendida pelo presidente do Conselho de Justiça, Joaquim Sousa Dinis, e por António Sousa Lamas, que se referiram a um artigo de opinião de Costa Andrade, penalista e professor da Faculdade de Direito de Coimbra. No dia 4 de Março de 2010, Costa Andrade escreveu no jornal ‘Público’ um artigo de opinião contra a decisão da Comissão Disciplinar da Liga, onde defendeu que os stewards não podiam ser intervenientes na realização do jogo. Costa Andrade já tinha dado pareceres jurídicos sobre as escutas telefónicas a João Bartolomeu e a Pinto da Costa nos processos desportivos do ‘Apito Final’. Nesse artigo, descreveu-se como simpatizante do FC Porto; os que lhe são mais próximos reconhecem ainda que se dá bem com o departamento jurídico dos dragões.


28 Março 2010 - 00h30

Octávio Lopes/Correio da Manhã


COMENTÁRIO

Antes de mais quero dar os parabéns ao meu Benfica pela vitória sobre o Sporting Clube de Braga, grande equipa que mostrou porque está em segundo lugar. E ganhou limpinho como sempre tem feito nos campos de futebol por onde tem passado. E digo campos de futebol, não digo túneis! Lamento apenas que não tenha sido este Braga o que jogou contra o FCP e perdeu bem, jogo onde não apresentou avançados... por questões tácticas, por estarem suspensos ou por lesões?

Em relação ao artigo que escrevi aqui anteriormente sobre a Justiça em Portugal, depois de ler o Correio da Manhã, não tenho dúvidas de que afinal os Juízes ou se enganam também ou podem mudar de opinião de um momento para o outro. Porque será?

Só mais uma opinião que para além de ser minha não passa disso mesmo. Segundo o fundamento da Comissão Disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol, os Stewards são equiparados ao público, logo a tal suspensão de três meses aos jogadores Hulk e Sapunaru não fazia sentido e por isso a pena passou para três e quatro jogos.

A partir de hoje, quero ser um espectador como os Stewards, que são pagos para estar nos campos de futebol. Ou há moral ou comem todos!!! Isto só para rir!!!



GOLDFINGER



sábado, 27 de março de 2010

EM DIA DE JOGO DECISIVO






Ando deveras preocupado com a Justiça em Portugal. Não com a Justiça que julga o comum dos mortais, o povo entenda-se, porque esses quando são culpados pagam e bem pelos crimes que cometeram. É antes com a outra Justiça, com aquela que julga os casos que envolvem “gente graúda”.

Sabemos todos que a Justiça, seja ela qual for, é sempre muito lenta e não são raros os casos cuja resolução se prolonga por anos a fio. Só que quando os arguidos são da “populaça” da “gentalha”, a sentença aparece um pouco mais célere e sem “espinhas”. Ao invés, quando se trata da tal “gente graúda” (pelo menos os que os rodeiam isso lhes fazem crer), então aí, as decisões andam às voltas, às voltas, às voltas, porque há dinheiro e o dinheiro paga bons advogados, e os bons advogados conhecem bem como devem criar nos Juízes as dúvidas necessárias para que uma decisão não seja tão célere quanto desejada.


Sempre assim foi e julgo que sempre assim será. É a lei da vida. Não há ricos sem pobres, nem pobres sem ricos, e as desigualdades irão manter-se para sempre.

É por isso que só os pobres são despedidos. Lembram-se de muitos ricos que o fossem? E mesmo que o sejam, se têm dinheiro tanto se lhes dá que os despeçam como não.


Voltemos à Justiça. Alguém sabe as conclusões de tantos casos que nos últimos anos foram mediáticos como os casos de Aveiro Gate, o caso Dopa, o caso Caldeira, o caso Casa Pia, o caso Freeport, os casos que envolvem Bancos e banqueiros, e ainda de alguns outros que a memória teima em não me oferecer? Pois é, não há volta a dar.

Vem tudo isto a propósito do que se vem passando na Justiça Desportiva. Desde logo porque também é de Justiça que se trata. Desportiva, mas é Justiça. Muito se disse e escreveu do caso Apito Dourado. Agora vem este enorme atropelo à inteligência de todos nós, que é o caso dos castigos aplicados aos jogadores Hulk e Sapunaru do Futebol Clube do Porto e a Vandinho do Sporting Clube de Braga.


Vamos então aos factos tal como os vejo. No caso dos jogadores do FCP a pena aplicada pela Comissão de Disciplina da Liga foi de três meses de suspensão porque a Lei teve a interpretação que os Juízes dela fizeram. Agora a decisão da Comissão de Disciplina da Federação, reduz a pena dos jogadores a três jogos, porque a sua interpretação da Lei é diferente. A primeira ilação que tiro disto tudo é a de que existem não duas, mas muitas formas de interpretar a Lei. E se existe mais de uma maneira de a interpretar, então qualquer das decisões tem fundamento. Em ambas as situações foram Juízes a decidir., ou não eram Juízes??? Quem entende?


Face ao sucedido e muito legitimamente, quer o FCP quer os seus jogadores, sentem-se no direito de serem indemnizados, pois a nova decisão, que penso não será passível de recurso, veio dizer-lhes que afinal não havia razões para a suspensão dos jogadores tanto tempo, com claro prejuízo de ambos.

O caso do jogador Vandinho do SCB, um pouco por “colagem” ao caso portista, trouxe agora para a rua os seus adeptos que clamam por justiça, porque acham que o castigo foi mal aplicado, (obra de benfiquistas claro).

Vejamos agora o que me preocupa nestes dois casos do Apito Dourado e da Suspensão de jogadores, e o que eles têm em comum.








No caso do Apito Dourado, os advogados de defesa do FCP, bateram-se e bem ao que parece, para que as “escutas” não fossem legais. É que não sendo, deixariam de existir provas que indiciassem corrupção e a condenação dos incriminados cairia por terra. E foi o que aconteceu.


Nas suspensões a Hulk e Sapunaru, provavelmente os mesmos advogados, bateram-se para que os Seguranças em serviço no túnel do Estádio da Luz não fossem considerados agentes do espectáculo. É que não sendo, o castigo seria logo muito mais reduzido e os três meses aplicados pelo CD da Liga não eram justos. E foi o que aconteceu.

No caso da suspensão de Vandinho do Braga, entendem os responsáveis bracarenses que ela só foi possível porque interessava que o atleta não jogasse e assim o Braga passasse a jogar desfalcado, logo prejudicado. À boleia dos casos anteriores, em jeito de união do Norte contra o Sul, os adeptos bracarenses vieram para a rua clamando por justiça com cartazes com a palavra VERGONHOSO. Até um autarca, com responsabilidades na região acompanhou os protestos feitos nas ruas de Braga, onde existem muitos e muitos benfiquistas, e é ele pretenso Presidente da Câmara de todos, sejam eles de que clubes forem.

Em qualquer dos casos expostos, o que esteve sempre em causa afinal, foi encontrar os meios para evitar condenações ou suspensões, não importando se os arguidos foram ou não culpados. O que era importante era provar que os meios de prova encontrados não eram legais e não que os arguidos fossem ou não culpados. O que esteve em causa foram as alturas inoportunas dos castigos dos jogadores, porque isso prejudicava os clubes e os próprios e não se eram ou não culpados.


Este conceito de justiça, mexe com as minhas entranhas e não encontro forma de os entender.

No Apito Dourado, se os dirigentes implicados não tivessem andado tantos anos convictos de que poderiam fazer tudo e mais alguma coisa, atropelando regras que ultrapassavam o bom senso, e poderiam implicá-los em processos complicados, talvez que nunca o Apito Dourado tivesse existido.


Nos castigos aos jogadores, os clubes a eles ligados, antes de virem a terreiro defender o indefensável, de virem apontar os dedos a terceiros acusando-os de prejuízos, deveriam olhar para si próprios e chamar à razão os seus jogadores, porque as imagens provam bem que os implicados cometeram efectivamente as agressões de que foram acusados.


Se alguém deveria indemnizar os clubes seriam exactamente os jogadores que com as suas atitudes, essas sim, prejudicaram os seus patrões. Alguém tem dúvidas de que se os jogadores não se tivessem deixado levar por extremismos agressivos, estes casos nunca teriam existido?


Está na altura de deixarem de nos mandar com “areia para os olhos” e não encontrarem nestas atitudes, que afinal patrocinam, razões para esconder as épocas frustrantes que os seus clubes atravessam. São estas protecções que depois dão azo a atitudes em campo de jogadores, como Bruno Alves na recente final da Taça da Liga, que de cabeça perdida, passou o jogo a distribuir “fruta”, sem que fosse por isso castigado. De que têm medo os árbitros? São estas atitudes que fomentam as guerras de claques, e que nos proporcionam espectáculos degradantes como os que se têm visto em redor de alguns campos em Portugal


Está na hora, dos responsáveis se sentarem à mesa e deixarem de se bater por uma guerra Norte-Sul que não leva a lado nenhum. Isto é Portugal e os jogos ganham-se dentro do campo, com lisura e fair-play.

Para o jogo de hoje, entre Benfica e Braga, espero que impere o bom senso e que aquele que merecer ganhar que ganhe. E que esse seja o meu Benfica. Se assim não acontecer, o mundo não pára, a fome não deixa de existir, as catástrofes não deixam de acontecer, e os clubes não irão acabar.

GOLDFINGER



terça-feira, 23 de março de 2010

VALE A PENA LER!...






“Com um pedido de desculpas ao Jornal de Letras, tomo a liberdade da transcrição deste artigo sobre Rosa Lobato Faria que vale a pena ler!”

A escritora, foi colaboradora (dizendo poesias) de David Mourão-Ferreira em programas literários da televisão. Autora, entre outros, dos romances Flor do Sal, A Trança de Inês, Romance de Cordélia, O Prenúncio das Águas, ou mais recentemente A Estrela de Gonçalo Enes (ed. Quasi). Publicamos aqui a 'autobiografia' que escreveu para o JL há dois anos


Autobiografia de Rosa Lobato Faria


Quando eu era pequena havia um mistério chamado Infância. Nunca tínhamos ouvido falar de coisas aberrantes como educação sexual, política e pedofilia. Vivíamos num mundo mágico de princesas imaginárias, príncipes encantados e animais que falavam. A pior pessoa que conhecíamos era a Bruxa da Branca de Neve. Fazíamos hospitais para as formigas onde as camas eram folhinhas de oliveira e não comíamos à mesa com os adultos. Isto poupava-nos a conversas enfadonhas e incompreensíveis, a milhas do nosso mundo tão outro, e deixava-nos livres para projectos essenciais, como ir ver oscilar os agriões nos regatos e fazer colares e brincos de cerejas. Baptizávamos as árvores, passeávamos de burro, fabricávamos grinaldas de flores do campo.
Fazíamos quadras ao desafio, inventávamos palavras e entoávamos melodias nunca aprendidas.

Na Infância as escolas ainda não tinham fechado. Ensinavam-nos coisas inúteis como as regras da sintaxe e da ortografia, coisas traumáticas como sujeitos, predicados e complementos directos, coisas imbecis como verbos e tabuadas. Tinham a infeliz ideia de nos ensinar a pensar e a
surpreendente mania de acreditar que isso era bom. Não batíamos na professora, levávamos-lhe flores.

E depois ainda havia infância para perceber o aroma do suco das maçãs trincadas com dentes novos, um rasto de hortelã nos aventais, a angustia de esperar o nascer do sol sem ter a certeza de que viria
(não fosse a ousadia dos pássaros só visíveis na luz indecisa da aurora), a beleza das cantigas límpidas das camponesas, o fulgor das papoilas. E havia a praia, o mar, as bolas de Berlim. (As bolas de Berlim são uma espécie de ex-libris da Infância e nunca mais na vida houve fosse o que fosse que nos soubesse tão bem).

Aos quatro anos aprendi a ler; aos seis fazia versos, aos nove ensinaram-me inglês e pude alargar o âmbito das minhas leituras infantis. Aos treze fui, interna, para o Colégio. Ali havia muitas
raparigas que cheiravam a pão, escreviam cartas às escondidas, e sonhavam com os filmes que viam nas férias. Tínhamos a certeza de que o Tyrone Power havia de vir buscar-nos, com os seus olhos morenos, depois de nos ter visto fazer uma entrada espampanante no salão de baile onde o Fred Astaire já nos teria escolhido para seu par ideal.

Chamava-se a isto Adolescência, as formas cresciam-nos como as necessidades do espírito, música, leitura, poesia, para mim sobretudo literatura, história universal, história de arte, descobrimentos e o
Camões a contar aquilo tudo, e as professoras a dizerem, aplica-te, menina, que vais ser escritora.

Eram aulas gloriosas, em que a espuma do mar entrava pela janela, a música da poesia medieval ressoava nas paredes cheias de sol, ay eu coitada, como vivo em gran cuidado, e ay flores, se sabedes novas, vai-las lavar alva, e o rio corria entre as carteiras e nele molhávamos os pés e as almas.

Além de tudo isto, que sorte, ainda havia tremas e acentos graves. Mas também tínhamos a célebre aula de Economia Doméstica de onde saíamos com a sensação de que a mulher era uma merdinha frágil, sem vontade própria, sempre a obedecer ao marido, fraca de espírito que não de corpo, pois, tendo passado o dia inteiro a esfregar o chão com palha de aço, a espalhar cera, a puxar-lhe o lustro, mal ouvia a chave na porta havia de apresentar-se ao macho milagrosamente fresca, vestida de Doris Day, a mesa posta, o jantarinho rescendente, e nem uma unha partida, nem um cabelo desalinhado, lá-lá-lá, chegaste, meu amor, que felicidade! (A professora era uma solteirona, mais sonhadora
do que nós, que sabia todas as receitas do mundo para tirar todas as nódoas do mundo e os melhores truques para arear os tachos de cobre que ninguém tinha na vida real).

Mas o que sabíamos nós da vida real? Aos 17 anos entrei para a Faculdade sem fazer a mínima ideia do que isso fosse. Aos 19 casei-me, ainda completamente em branco (e não me refiro só à cor do vestido). Só seis anos, três filhos e centenas de livros mais tarde é que resolvi arrumar os meus valores como quem arruma um guarda-vestidos. Isto não, isto não se usa, isto não gosto, isto sim, isto seguramente, isto talvez. Os preconceitos foram os primeiros a desandar, assim como todos os itens que à pergunta porquê só me tinham respondido porque sim, ou, pior, porque sempre foi assim. E eu, tumba, lixo, se sempre foi assim é altura de deixar de ser e começar a abrir caminho às gerações futuras (ainda não sabia que entre os meus 12 netos se contariam nove mulheres). Ouvi ontem uma jovem a dizer, a revolução que nós fizemos nos últimos anos. Não meu amor: a revolução que NÓS
fizemos nos últimos 50 anos. Mas não interessa quem fez o quê. É preciso é que tenha sido feito. E que seja feito. E eu fiz tudo, quando ainda não era suposto. Quando descobri que ser livre era acreditar em mim própria, nos meus poucos, mas bons, valores pessoais.

Depois foram as circunstâncias da vida. A alegria de mais um filho, erros, acertos, disparates, generosidades, ingenuidades, tudo muito bom para aprender alguma coisa. Tudo muito bom. Aprender é a palavra chave e dou por mal empregue o dia em que não aprendo nada. Ainda espero ter tempo de aprender muita coisa, agora que decidi que a Bíblia é uma metáfora da vida humana e posso glosar essa descoberta até, praticamente, ao infinito.

Pois é. Eu achava, pobre de mim, que era poetisa. Ainda não sabia que estava só a tirar apontamentos para o que havia de fazer mais tarde. A ganhar intimidade, cumplicidade com as palavras. Também escrevia crónicas e contos e recados à mulher-a-dias. E de repente, aos 63
anos, renasci. Cresceu-me uma alma de romancista e vá de escrever dez romances em 12 anos, mais um livro de contos (Os Linhos da Avó) e sete ou oito livros infantis. (Esta não é a minha área, mas não sei porquê, pedem-me livros infantis. Ainda não escrevi nenhum que me procurasse como acontece com os romances para adultos, que vêm de noite ou quando vou no comboio e se me insinuam nos interstícios do cérebro, e me atiram para outra dimensão e me fazem sorrir por dentro o tempo todo e
me tornam mais disponível, mais alegre, mais nova).

Isto da idade também tem a sua graça. Por fora, realmente, nota-se muito. Mas eu pouco olho para o espelho e esqueço-me dessa história da imagem. Quando estou em processo criativo sinto-me bonita. É como se tivesse luzinhas na cabeça. Há 45 anos, com aquela soberba muito feminina, costumava dizer que o meu espelho eram os olhos dos homens. Agora são os olhos dos meus leitores, sem distinção de sexo, raça, idade ou religião. É um progresso enorme.

Se isto fosse uma autobiografia teria que dizer que, perto dos 30, comecei a dizer poesia na televisão e pelos 40 e tais pus-me a fazer umas maluqueiras em novelas, séries, etc. Também escrevi algumas
destas coisas e daqui senti-me tentada a escrever para o palco, que é uma das coisas mais consoladoras que existem (outra pessoa diria gratificantes, mas eu, não sei porquê, embirro com essa palavra). Não há nada mais bonito do que ver as nossas palavras ganharem vida, e
sangue, e alma, pela voz e pelo corpo e pela inteligência dos actores.
Adoro actores. Mas não me atrevo a fazer teatro porque não aprendi.

Que mais? Ah, as cantigas. Já escrevi mais de mil e 500 e é uma das coisas mais divertidas que me aconteceu. Ouvir a música e perceber o que é que lá vem escrito, porque a melodia, como o vento, tem uma alma e é preciso descobrir o que ela esconde. Depois é uma lotaria. Ou me cantam maravilhosamente bem ou tristemente mal. Mas há que arriscar e, no fundo, é só uma cantiga. Irrelevante.

Se isto fosse uma autobiografia teria muitas outras coisas para contar. Mas não conto. Primeiro, porque não quero. Segundo, porque só me dão este espaço que, para 75 anos de vida, convenhamos, não é excessivo.
Encontramo-nos no meu próximo romance.

Jornal de Letras Artes e Ideias

http://aeiou.visao.pt/um-rasto-de-hortela=f546518



GOLDFINGER

domingo, 21 de março de 2010

DOMINGO 21 DE MARÇO DE 2010, É DIA ESPECIAL CÁ EM CASA!




Finalmente a concretização dos sonhos chegou!

Estamos felizes e queremos partilhar essa felicidade com todos os que nos visitam!.

Façam o favor de ser felizes!


GOLDFINGER

sábado, 20 de março de 2010

BOM FINAL DE SEMANA E...




GOLDFINGER

quarta-feira, 17 de março de 2010

SIMPLESMENTE FABULOSO






O TRIQUELITRAQUE



« ESGALHA»



Sem qualquer sentimento de irreverência da nossa parte mas atendendo ao seu aspecto gracioso que actualmente tem, aí vai a notícia:



CÓPIA DA FACTURA QUE UM MESTRE DE OBRAS APRESENTOU EM 1853 DE UMA RAPARAÇÃO QUE FEZ NA CAPELA DO BOM JESUS DE BRAGA



Cópia autêntica do original arquivado na Torre do Tombo



Por corrigir os dez mandamentos, embelezar

o Sumo Sacerdote e pôr-lhe as fitas……………………….. 170 reis

Um galo novo para S. Pedro e pintar-lhe a crista……… 80 »

Dourar e pôr penas novas na asa esquerda

do Anjo da Guarda……………………………………………… .. 120 »

Lavar o criado do Sumo Sacerdote

e pintar-lhe as suissas………………………………………….. 160 »

Tirar as nódoas ao filho de Tobias………………………….. 95 »

Uns brincos novos para a filha de Abraão………………… 245 »

Avivar as chamas do inferno, pôr um rabo

ao diabo e fazer consertos aos condenados…………….. 185 »

Fazer um menino ao colo de Nossa Senhora……………. 210 »

Renovar o céu, arranjar as estrelas e lavar a lua……… 130 »

Compor o facto e a cabeleira de Herodes………………… 35 »

Retocar o purgatório e pôr-lhe almas novas……………. 335 »

Meter uma pedra na funda de David, engrossar

a cabeleira de Saul e alargar as pernas de S. Tinoco.. 93 »

Adornar a arca de Noé, compor a barriga

ao filho e limpar a orelha esquerda de S. Tinoco……. 135 »

Pregar uma estrela que caiu de ao pé do coro……….... 25 »

Umas botas novas para S. Miguel e limpar-lhe

a espada…………………………………………………………….. .225 »

Limpar as unhas e pôr os cornos ao Diabo……………... 185 »

TOTAL……………………… 2.494 »

Boletim Paroquial de Afife

1 de Janeiro de 1972

Digam lá se esta factura é ou não é simplesmente fabulosa….

GOLDFINGER

sábado, 13 de março de 2010

ÓBIDOS DE CHOCOLATE



Termina amanhã mais um Festival do Chocolate em Óbidos.

Se não veio ainda até cá, meta-se no carrinho e delicie-se nesta bela Vila medieval que lhe proporciona momentos de verdadeira beleza, que pode acompanhar com uma saborosa “ginginha” em copo de chocolate.

Normalmente quando bebemos um bom vinho e olhamos a conta no final, apetece-nos comer o copo de raiva.

Pois por cá beba a “ginginha” e coma o copo, olhe que nem sempre o pode fazer. Além do mais, regressa satisfeito e feliz fazendo promessas para o próximo ano.



BOM FIM DE SEMANA

Vá passando as imagens e máximize o ecrã
GOLDFINGER

terça-feira, 9 de março de 2010

BAÚ DE RECORDAÇÕES



Boa semana pessoal!

GOLDFINGER

segunda-feira, 8 de março de 2010

EM DIA INTERNACIONAL DA MULHER, O ALERTA DA AMNISITA INTERNACIONAL





Vítimas de violência sexual sem acesso à justiça

A Amnistia Internacional (AI) revelou este domingo que, em todo o Mundo, as mulheres vitimas de violência e violação sexual vêem negado o aceso à justiça e à dignidade, devido à discriminação do género.

Através de dois relatórios sobre violência sexual que lançou para assinalar o Dia Internacional da Mulher, a AI conclui que "tanto nos países pobres como nos ricos, as mulheres violadas ou abusadas têm poucas hipóteses de ver os seus atacantes serem responsabilizados".

Para Widney Brown, diretor sénior de Política e do Direito Internacional da AI, é "chocante que no século XXI, com tanta legislação destinada a promover a igualdade de género, nenhum governo tem sido capaz de assegurar a protecção da mulher e a responsabilização dos perpetradores destes crimes".

Os relatórios demonstram que as vítimas de violação sexual e violência doméstica que procuram justiça enfrentam obstáculos, incluindo resposta inadequada ou negativa por parte da polícia e pessoal médico e judicial.

"Dada a generalizada indiferença das autoridades, muitas mulheres sentem vergonha ou culpa e nem sequer tentam denunciar à polícia os crimes de que foram vítimas", acrescenta a AI.

Widney Brown afirmou que, "a menos que a violência sexual seja acompanhada de violência física, esta simplesmente não é levada a sério". Depois de analisados os sistemas jurídicos de países desenvolvidos e em desenvolvimento, os relatórios concluem que "todos contêm lacunas e discrepâncias que desencorajam as mulheres e raparigas a procurar justiça para os crimes de que foram vítimas". Estes relatórios incidiram sobre estados desenvolvidos e em desenvolvimento, em particular o Camboja e países nórdicos como a Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia.

Correio da Manhã

Foto da Net

GOLDFINGER



domingo, 7 de março de 2010

sábado, 6 de março de 2010

BOM FIM DE SEMANA



GOLDFINGER

quarta-feira, 3 de março de 2010

IVB - Interrupção Voluntária de Blogue






Encontro-me em reflexão, por essa razão este blogue encontra-se temporariamente sem postagens.


Prometo ser breve.

Obrigado.

GOLDFINGER