Queria dizer-te ó terra minha, que das entranhas do teu ventre o milho nasce e o encanto das tuas eiras me trazem preso no bater cadenciado deste mangal que o peito encerra.
Queria dizer-te ó terra minha, que o aroma dessa manhã tão nossa, silenciosa, do mar vem por entre leiras que te enleiam num abraço.
Queria dizer-te ó terra minha, que das pedras negras do teu monte sobranceiro, a brisa desce enroscada em rosmaninho, soprando teu nome em cada gesto.
Se tu soubesses ó terra minha, quantas saudades das lages escuras das tuas veias, onde o sangue corre como nas minhas e se misturam para lá do tempo que nos resta.
Se tu soubesses ó terra minha, quantas noites inquieto em ti descanso, embrulhado em sonhos de promessas, de tanto querer a ti prender-me.
Se tu soubesses ó terra minha, que de tão longe teu cheiro alcanço, e a maresia que emana do teu mar, lança-me os braços num suave acenar, buscando o corpo que um dia teu será.
Se o meu tempo não fosse tão curto ó terra minha, encontraria a forma certa de te amar, e a tristeza que nos envolve a cada passo, acabaria também ela por se finar.
Queira o tempo que me falta ó terra minha, que o meu peito em ti descanse em chão molhado, que o fruto nascerá naquela hora, de um pomar num sonho tão desejado.
GOLDFINGER/2009
Foto da Net
3 comentários:
bela declaração de amor ao torrão pátrio!
Desde 13/1/2011 que Belafonte e Makeba esperam por ti no "são", aguardando agradarem-te.
Bom fim de semana, Tonico
Olá António,
andas tão inspirado por esse Minho que amas!
Belíssino e comovente texto!
Até breve
Beijinhos
Branca
Passo para saber de ti António, mas com Minho à vista não me admira que não tenhas tempo para o computador, eu também não teria.
Beijos.
Branca
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