Um dia senti, Que a terra ardia. Pensei, ser eu Que estava febril, Delirante, Ou tinha mesmo acordado Atordoada, De uma noite mal dormida. O tempo era de Verão, O vento que soprava E a gente que passava. Grande era o alarido Que num instante Virou clamor e fundiu o espanto Em pranto de dor. Não estava febril, afinal, Nem mesmo mal acordada. Tudo ardia em meu redor Ao som de gemidos e estalidos Em tom de sinfonia gritada, E logo em cinzas eu via A minha terra, A minha gente, O meu adro E o meu terreiro… Holocausto em nome de nada. A dor foi passando Como a água do ribeiro Ao encontro da outra margem. Do meu chão, Erva verde, frágil e mansa Foi crescendo, Relembrando a cada instante A minha solidão, A negrura, Que em tom de amargura Se havia instalado Em todo o canto de mim. Sem ramos, nem folhas, Sem filhos, nem amigos Desistia da vida, Mesmo, Que o vento me açoitasse E as lágrimas teimassem Em saltar porta fora. O tempo foi passando Estirada naquele chão, Espreitava o dia acontecer, No desejo de me arrastar Para além do mar.
Um dia, Um outro dia… O chão estremeceu. Do céu, uma fresta de luz Incandesceu, E não sei mesmo O que me aconteceu. Senti mãos, Escutei vozes, E fiz viagem até esta paragem. E aqui estou eu! Nesta sala iluminada, Neste sítio ajeitado no abraço, Neste canto todo feito de ternura. Continuo feia e queimada, Ressequida e enquistada, Não mo lembrem, …sei bem. Mesmo sem ramos, nem folhas, Mesmo tendo perdido o vigor E a robustez doutros tempos, Neste espaço tão mimado E com laços brancos enfeitada, Sinto-me noiva, amante Deste tempo de Natal. Saibam de mim! Escutem a voz do meu coração, Olhem bem em meu redor… E mesmo que a noite seja fria Não há maior alegria Do que aquela Que a minha alma canta. De braços queimados, E toda vestida de branco, Oh gente de Campos, Oh gente desta terra Bem-haja! Obrigada.
2 comentários:
Não! Não sabia -)
Feliz Natal.
beijinho
Sou uma árvore de Natal diferente
Um dia senti,
Que a terra ardia.
Pensei, ser eu
Que estava febril,
Delirante,
Ou tinha mesmo acordado
Atordoada,
De uma noite mal dormida.
O tempo era de Verão,
O vento que soprava
E a gente que passava.
Grande era o alarido
Que num instante
Virou clamor e fundiu o espanto
Em pranto de dor.
Não estava febril, afinal,
Nem mesmo mal acordada.
Tudo ardia em meu redor
Ao som de gemidos e estalidos
Em tom de sinfonia gritada,
E logo em cinzas eu via
A minha terra,
A minha gente,
O meu adro
E o meu terreiro…
Holocausto em nome de nada.
A dor foi passando
Como a água do ribeiro
Ao encontro da outra margem.
Do meu chão,
Erva verde, frágil e mansa
Foi crescendo,
Relembrando a cada instante
A minha solidão,
A negrura,
Que em tom de amargura
Se havia instalado
Em todo o canto de mim.
Sem ramos, nem folhas,
Sem filhos, nem amigos
Desistia da vida,
Mesmo,
Que o vento me açoitasse
E as lágrimas teimassem
Em saltar porta fora.
O tempo foi passando
Estirada naquele chão,
Espreitava o dia acontecer,
No desejo de me arrastar
Para além do mar.
Um dia,
Um outro dia…
O chão estremeceu.
Do céu, uma fresta de luz
Incandesceu,
E não sei mesmo
O que me aconteceu.
Senti mãos,
Escutei vozes,
E fiz viagem até esta paragem.
E aqui estou eu!
Nesta sala iluminada,
Neste sítio ajeitado no abraço,
Neste canto todo feito de ternura.
Continuo feia e queimada,
Ressequida e enquistada,
Não mo lembrem, …sei bem.
Mesmo sem ramos, nem folhas,
Mesmo tendo perdido o vigor
E a robustez doutros tempos,
Neste espaço tão mimado
E com laços brancos enfeitada,
Sinto-me noiva, amante
Deste tempo de Natal.
Saibam de mim!
Escutem a voz do meu coração,
Olhem bem em meu redor…
E mesmo que a noite seja fria
Não há maior alegria
Do que aquela
Que a minha alma canta.
De braços queimados,
E toda vestida de branco,
Oh gente de Campos,
Oh gente desta terra
Bem-haja!
Obrigada.
Natal de 2011
Poema de Maria José Areal
FerNAnda
Obrigadfo Fernanda. Um SANTO E FELIZ NATAL
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