sábado, 15 de janeiro de 2011

Ó TERRA MINHA






Queria dizer-te ó terra minha, que das entranhas do teu ventre o milho nasce e o encanto das tuas eiras me trazem preso no bater cadenciado deste mangal que o peito encerra.
Queria dizer-te ó terra minha, que o aroma dessa manhã tão nossa, silenciosa, do mar vem por entre leiras que te enleiam num abraço.
Queria dizer-te ó terra minha, que das pedras negras do teu monte sobranceiro, a brisa desce enroscada em rosmaninho, soprando teu nome em cada gesto.
Se tu soubesses ó terra minha, quantas saudades das lages escuras das tuas veias, onde o sangue corre como nas minhas e se misturam para lá do tempo que nos resta.
Se tu soubesses ó terra minha, quantas noites inquieto em ti descanso, embrulhado em sonhos de promessas, de tanto querer a ti prender-me.
Se tu soubesses ó terra minha, que de tão longe teu cheiro alcanço, e a maresia que emana do teu mar, lança-me os braços num suave acenar, buscando o corpo que um dia teu será.
Se o meu tempo não fosse tão curto ó terra minha, encontraria a forma certa de te amar, e a tristeza que nos envolve a cada passo, acabaria também ela por se finar.
Queira o tempo que me falta ó terra minha, que o meu peito em ti descanse em chão molhado, que o fruto nascerá naquela hora, de um pomar num sonho tão desejado.

GOLDFINGER/2009

Foto da Net

3 comentários:

São disse...

bela declaração de amor ao torrão pátrio!

Desde 13/1/2011 que Belafonte e Makeba esperam por ti no "são", aguardando agradarem-te.

Bom fim de semana, Tonico

Branca disse...

Olá António,

andas tão inspirado por esse Minho que amas!

Belíssino e comovente texto!

Até breve
Beijinhos
Branca

Branca disse...

Passo para saber de ti António, mas com Minho à vista não me admira que não tenhas tempo para o computador, eu também não teria.

Beijos.
Branca