terça-feira, 26 de maio de 2009

ADEUS BORIS, QUERIDO AMIGO!



Há pouco mais de quatro meses, um amigo companheiro e camarada, perguntou-me se gostaria de ficar com um Collie, pois uma das suas cadelas tinha tido uma ninhada. Não os queria matar e tentava encontrar quem ficasse com os filhotes.

Na altura, respondi-lhe que de cães já tinha a minha conta mas… não pus de parte a ideia. O certo é que acabei dizendo-lhe que sempre ficaria com o cãozito pois a raça fez parte do meu imaginário de criança através do filme que então passava na TV e que todos lembrarão seguramente: Lassie.

Ficou desde logo combinado que só mais tarde me entregaria o cão porque estes primeiros meses, eles têm de ficar junto da mãe. Acedi claro.

Foram três meses de ansiedade, não só por ir ter um novo cão, mas também porque precisava de encontrara as palavras certas para convencer minha mulher a ter novo inquilino cá em casa. O meu filho foi fácil de aceitar a ideia que lhe agradou bastante.

Um dia belo dia, aproveitando uma conversa sobre cães, deixei no ar a ideia de que me tinham oferecido um Collie e que gostaria muito de aceitar.

- Já cá temos poucos animais, de forma que mais um seria bonito. Nem pensar, praguejou a minha mulher.

Não alimentei a conversa pois nestas coisas a experiência ensinou-me que tudo se pode dizer, dependendo da forma como se dizem. Além disso, o primeiro impacto é sempre o pior, depois a afirmação repetida deixou de ser novidade e passa a ser encarada com alguma indiferença. Mas a ideia ficou a germinar e eu sabia que na altura certa tudo acabaria por se compor.

Assim foi. Ao fim dos tais três meses, o meu amigo e companheiro, telefona-me e avisa-me de que posso ir buscar o cão.

Tínhamos na altura uma cadela Pastor Alemão, a Tita e um Yorkshire, o Jimmy. Passaríamos a ter mais um Collie, o Boris por consenso entre mim e meu filho Pedro.






Ironia do destino, na véspera de ir buscar o Boris, numa pequena distracção, o nosso Jimmy partiu provavelmente atrás de alguma cadelita e a verdade é que nunca mais apareceu.

Estive tentado a desistir do Boris, mas mais que nunca resolvi que a perda do Jimmy talvez fosse assim colmatada.

Tudo correu muito bem, e o Boris lá veio, pequenino e brincalhão, de pêlo comprido e nariz pontiagudo. Tinha uma cor beije com um peito esbranquiçado e nas patitas as mesma cor branca do peito. A cauda era em tonalidades de beije e castanho um pouco mais escuro.

Foi uma alegria, tal como previ e decidi que a partir daquela data passaria eu a tratar dos cães, o que fiz com vontade e prazer.

Assisti ao crescimento do meu Boris e dele cuidei como um menino. As visitas à Veterinária foram cumpridas, e o nosso Boris vivia no paraíso. Comprovando o que digo, eram as suas manifestações de carinho e brincadeira que sempre pôs no nosso relacionamento.

Numa visita à Veterinária foram-lhe dadas as vacinas que estavam em falta, tendo-me sido dito que um mês depois levaria a última para a Raiva.

Tudo estava bem. Sair de casa para passear só cinco dias após a vacina então dada. Tudo foi cumprido.

Ontem segunda-feira, não sei porque carga de água, resolvi que o meu Boris estava na altura de sair comigo. Por volta das cinco horas, saímos de casa os dois e depois de ter cumprido com duas obrigações profissionais, resolvi parar o carro e sentar-me numa esplanada olhando embevecido aquele maravilhoso ser que veio trazer-me uma nova alegria na vida. Foi tal o meu cuidado que o transportei ao colo até à mesa.






O Boris, esteve ali sentado ao pé de mim, tentando pular para o meu colo, mas eu teimei em deixá-lo no chão.

Quinze minutos depois, o Boris olhou para mim, com aqueles olhinhos ternurentos e penso que nessa altura me quis dizer algo, mas não o entendi. Um engasgar aconteceu, como primeiro sinal do que mais tarde iria acontecer. Eram 18 horas.

Preocupado, paguei a conta e num repente regressei a casa para que o Boris pudesse recompor-se. Os engasgos começaram a ser mais frequentes e fiz uma primeira chamada para a Veterinária contando-lhe o que se passava. Depois de se inteirar dos sintomas e do que se passava, pediram-me para levar o Boris à clínica o mais breve possível. Já nessa altura o meu querido Boris estava prostrado sem grande vontade de reagir fosse ao que fosse.

A entrada na clínica foi rápida e o veredicto ainda mais. O meu Boris estava a morrer envenenado por um qualquer tóxico que ingeriu ou lambeu. A agonia era tanta que a Doutora me perguntou se lhe podia acabar com o sofrimento, ao que eu acedi de imediato. Eram 21 horas. O meu cafésinho na esplanada tinha tido uma triste consequência. Três horas fatais para o meu Boris.

É assim a vida, tem fases em que tudo corre mal. Por mais que lutemos e acreditemos que as coisas vão mudar, acontece sempre qualquer coisa que nos diz que ainda não é chegada a hora de dar-mos a volta à vida.

Estou de luto. De luto pelo meu cão. De coração partido pelo meu Boris.

Triste forma de voltar aqui!

Desculpem!

GOLDFINGER



10 comentários:

Mare Liberum disse...

Um post triste mas , simultaneamente, uma prova do teu carácter. Um homem com um coração grande, grande. Um amigo. Uma perda é sempre uma perda e nós, os que vivemos semeando afectos, partilhando afectos, ficamos dilacerados, desmoronados com estas partidas que a vida nos prega. Calculo o teu desgosto. Tenho animais que me devolvem a dobrar tudo quanto lhes dou. O mesmo não posso dizer de certos seres humanos, vis, desprezíveis, infelizes, que têm tão pouco que fazer que se divertem a infernizar a vida dos outros.
Bem-hajas!
Desculpa o desabafo mas talvez leiam aqui o que penso da gente de má índole que também povoa a blogosfera.

Um abraço repleto de amizade

Fatima disse...

Nem sei que diga. Há coisas que não se explicam mesmo, não é?
Abraço para vocês.

Elvira Carvalho disse...

Amigo, fiquei muito triste. Pelo Boris e por si. Sei por experiência própria o que é apegarmo-nos a um animal, e depois ele morrer. Ainda me lembro dum cãozito que tivemos e que meu pai teve que mandar abater porque ficou com raiva.
Deixo um abraço de solidariedade, e a certeza de que tal como o Boris veio fazer esquecer a tristeza do sumiço do Jimmy, qualquer outra coisa boa fará desaparecer o desgosto pelo Boris.
Eu acredito na lei das compensações, e naquela máxima que diz que quando Deus fecha uma porta, abre uma janela.

Maria disse...

Não tenho palavras para situações destas.

Deixo-te um abraço apertado, e um beijinho

FERNANDINHA & POEMAS disse...

QUERIDO AMIGO GOLD, FIQUEI COM LÁGRIMAS AO LER-TE, NÃO SEI O QUE TE DIGA... ABRAÇO-TE COM MUITA FORÇA, PARA MINORAR A TUA TRISTEZA... TUA AMIGA DO CORAÇÃO, FERNANDINHA

gaivota disse...

como te entendo, antónio... aconteceu o mesmo com a minha nancy, uma dobbermann...
engasgada, babada, teve que ser abatida, já lá vão uns 20 anos, ainda a recordo com saudade imensa!
tinha um comoanheiro, o king, boxer, desapareceu com o desgosto de a ter perdido...
e falam dos "animais"
beijinhos

Maria Faia disse...

Amigo Golgfinger,
Quando um amor se esvai, qualquer que ele seja, é uma parcela de nós que parte também por isso, percebo bem a tristeza que te vai na alma.
Há alguns anos atrás, no dia de meu aniversário, um grande amigo e professor do meu filho veio com este a minha casa oferecer-me um gatinho. Era lindo o gatinho, o meu pantufinha. E, apesar de não gostar de ter animais em casa, por causa do pêlo que largam por todo o lado, o Pantufinha ficou comigo. A sua meiguice era uma delícia e, muitas vezes dava comigo a pensar que bom seria se todos os humanos fossem assim tão meigos uns para os outros.
Certo dia, um descuido meu permitiu que o meu Pantufinha saísse à rua. A curiosidade fê-lo correr e eu, deixei que ele andasse um pouco pelo campo (pensava eu que era só pelo campo...). Mas, a tristeza bateu-me à porta quando, ao abrir a janela do meu escritório, que dava para a estrada frontal a minha casa, vejo o meu Pantufinha morto na valeta. Claro que fiquei de rastos, e jurei que não queria mais nenhum animal em casa.
Mas, sabes uma coisa? Há dois meses o meu filho trouxe-me de Coimbra um gato lindo, o Sebastião, que tinha lá em casa e estava magoado devido a um mau trato que um outro estudante lhe deu.
E, cá tenho, de novo, um grande amigo, leal, meigo e ternurento.
É assim que aconrece a quem se enternece com os animais.
Só lamento que haja pessoas tão más que sejam capazes de dar ou colocar veneno à mão de semear dos animais. Sáo pessoas sem coração, seguramente!
Força amigo porque, quando uma porta se fecha, logo outra se abre para nós.

Um abraço amigo,
Maria Faia

São disse...

Meu Amigo, sei o que sentes e aqui te deixo o meu apertado abraço!

Bem hajas!

Filoxera disse...

Compreendo perfeitamente e acho que é razão para tal.
Tenho tido lutos recentes, diferentes. Mas disso não vou "falar" aqui.
Acredito que, de futuro, as dosese de tristeza sejam mais esporádicas e menores e aconselho-o a acreditar também.
Beijinhos de quem sente a sua falta nas suas ausências.

Elvira Carvalho disse...

Sem inspiração, mas lembrando os amigos, deixo um abraço e desejos de um óptimo fim de semana.