quinta-feira, 19 de novembro de 2009

AFRÂNIO PEIXOTO


“Durante vinte e um anos vivi numa praceta situada bem perto da linha do comboio e das chamadas Avenidas Novas em Lisboa. Nunca me dei ao trabalho de indagar quem teria sido Afrânio Peixoto. Por um acaso, acabei de encontrar uma pesquisa sobre este médico, escritor e professor brasileiro.

Deixo saciada e partilhada a minha curiosidade ao fim de sessenta anos.”






AFRÂNIO PEIXOTO

Júlio Afrânio Peixoto, escritor brasileiro, nasceu em Lençóis (Bahia) a 18 de Dezembro de 1876. Pertenceu ao Simbolismo e chegando a fazer parte da Academia Brasileira de Letras. Filho do capitão Francisco Afrânio Peixoto e Virgínia de Morais Peixoto. O pai, comerciante e homem de boa cultura, transmitiu ao filho os conhecimentos que auferiu ao longo de sua vida de autodidacta. Criado no interior da Bahia, cujos cenários constituem a situação de muitos dos seus romances, sua formação intelectual se fez em Salvador, onde se diplomou em Medicina, em 1897, como aluno laureado. Sua tese inaugural, Epilepsia e crime, despertou grande interesse nos meios científicos do país e do exterior. A convite de Juliano Moreira, fixou-se no Rio de Janeiro em 1903, Tendo sido professor na respectiva Faculdade de Medicina, director da Escola Normal e reitor da Universidade do Brasil. As suas obras versam medicina, educação, história, folclore, direito, literatura, etc., tendo consagrado diversos volumes à vida e à obra de Camões. Escreveu poesia simbolista, romances regionalistas e ensaios.







A sua estreia na literatura se deu dentro da atmosfera do simbolismo, com a publicação, em 1900, de Rosa mística, curioso e original drama em cinco actos, luxuosamente impresso em Leipzig, com uma cor para cada ato. O próprio autor renegou essa obra, anotando, no exemplar existente na Biblioteca da Academia, a observação: "incorrigível. Só o fogo." Entre 1904 e 1906 viajou por vários países da Europa, com o propósito de ali aperfeiçoar seus conhecimentos no campo de sua especialidade, aliando também a curiosidade de arte e turismo ao interesse do estudo. Nessa primeira viagem à Europa travou conhecimento, a bordo, com a família de Alberto de Faria, da qual viria a fazer parte, sete anos depois, ao casar-se com Francisca de Faria Peixoto. Em 1906, submeteu-se às provas do concurso em que ganharia as cadeiras de Medicina Legal e Higiene. Quando da morte de Euclides da Cunha em 1909, foi Afrânio Peixoto quem examinou o corpo do escritor assassinado e assinou o óbito respectivo.







O romance foi uma implicação a que o autor foi levado em decorrência de sua eleição para a Academia Brasileira de Letras, para a qual fora eleito à revelia, quando se achava no Egipto, em sua segunda viagem ao exterior. Começou a escrever o romance A Esfinge, o que fez em três meses. O Egipto inspirou-lhe o título e a trama novelesca, o eterno conflito entre o homem e a mulher que se querem, transposto para o ambiente requintado da sociedade carioca, com o então tradicional veraneio em Petrópolis, as conversas do mundanismo, versando sobre política, negócios da Bolsa, assuntos literários e artísticos, viagens ao exterior. Em certo momento, no capítulo "O Barro Branco", conduz o personagem principal, Paulo, a uma cidade do interior, em visita a familiares ali residentes. Demonstra-nos Afrânio, nessas páginas, os aspectos da força telúrica com que impregnou a sua obra novelesca. O romance, publicado em 1911, obteve um sucesso incomum e colocou seu autor em posto de destaque na galeria dos ficcionistas brasileiros. Na trilogia de romances regionalistas Maria Bonita (1914) Fruta do mato (1920) e Bugrinha (1922), que foi violentamente criticada pelos modernistas, é importante a análise psicológica das personagens femininas.

Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia das Ciências de Lisboa; da Academia Nacional de Medicina Legal, do Instituto de Medicina de Madrid e de outras instituições.

Algumas obras deste autor:

A esfinge 1911: Maria Bonita 1914; Dicionário dos Lusíadas 1924; Camões e o Brasil 1926; Sinhazinha; Despedida 1942 e Livro das horas 1947, entre muitas outras






Sinhazinha

Sinhazinha é uma bela jovem que, morando numa fazenda com seus pais, mostra-se arredia e avessa ao amor. Ao largo do romance, que na ficção procura apaziguar as famílias inimigas, o autor revela os hábitos rurais do sertanejo, com especial atenção para os festejos juninos do final do século XIX. Sinhazinha retrata os períodos posteriores às lutas decorrentes do drama vivido pela tia do poeta Castro Alves, Pórcia de Castro, filha do Major Silva Castro, herói da Guerra de Independência da Bahia, raptada por Leolino - fazendo constante menção a este episódio. Muito bela e jovem, Pórcia hospedara-se com a família em casa da família de Leolino, no povoado de Bom Jesus dos Meiras (actual Brumado). Apesar de casado, Leolino toma-se de amores por ela e, a tudo abandonando, realiza o rapto que engendrou a luta familiar, e que se arrastou por anos, e foi contada em diversos outros livros.
Em Sinhazinha Peixoto compara este drama a uma versão sertaneja da Guerra de Tróia.

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro







PRAÇA AFRÂNIO PEIXOTO - LISBOA (1948)

Pertence à freguesia de SÃO JOÃO DE DEUS e tem o seu inicio na Avenida São João de Deus no número 17.

A sua designação anterior era a "Praça situada no arruamento a Sul do Caminho-de-ferro na zona compreendida entre a Alameda D. Afonso Henriques e a linha férrea de cintura".

Pelo Edital Municipal de 29 de Julho de 1948 foi dado este topónimo na freguesia de S. João de Deus.

JÚLIO AFRÂNIO PEIXOTO (Baía/1876 - 1946/Rio de Janeiro) foi distinguido com uma praça situada (...) sobretudo por ter sido um estudioso camoniano. Embora Afrânio Peixoto fosse médico notabilizou-se como criador da cadeira de Estudos Camonianos nas Universidades de Lisboa e Rio de Janeiro e pela vasta bibliografia camoniana que publicou (1).

Texto da Net

Fotos da Net

GOLDFINGER



1 comentário:

Dalinha Catunda disse...

Olá meu amigo,
Amei este post sobre Afrânio Peixoto.
Saudades de você,
Beijos,
Dalinha