Escolas sem saber como aplicar a lei
Boa parte das escolas procura inventar soluções para aplicar a lei, mas esbarra na falta de uma regulamentação que deveria ter sido publicada no início deste mês e que visa esclarecer as orientações curriculares dos diferentes ciclos de ensino, definir as habilitações ou garantir a formação dos professores e coordenadores responsáveis pela educação sexual. O i tentou saber junto do Ministério da Educação em que fase está o processo e para quando está previsto o novo regulamento, mas não obteve resposta. Enquanto isso não acontece, as direcções dos estabelecimentos de ensino dizem fazer apenas o que está ao seu alcance. "Limitamo-nos a pesquisar os materiais que podem vir a ser úteis para a área curricular", explica José Alexandre, do agrupamento vertical de Murça. Em Lisboa, na Escola Secundária de Gil Vicente, com 2º e 3º ciclos, o processo está ainda mais atrasado: "Nada está definido e sem a regulamentação é impossível saber como vamos construir o projecto", conta a subdirectora Maria Adelaide Silva, esclarecendo que o maior desafio será encontrar espaço físico e horário para introduzir o ensino da educação sexual. "Vamos esperar pelas orientações do Ministério para definir e discutir os temas com os professores, alunos e encarregados de educação."
Governo ainda não regulamentou a lei e escolas desconhecem as novas regras
Avanços. Há outras escolas que entretanto já começaram a trabalhar no programa curricular na esperança de poder implementar a educação sexual ainda antes de terminar o primeiro período: "Envolvemos os directores de turma que estão a fazer o levantamento das matérias que foram dadas em várias disciplinas para apurar o que deve ou não ser incluído no projecto", diz Domingos Santos, director da Escola Secundária Sebastião e Silva,
Embora cada escola tenha contornado a ausência de legislação à sua maneira, todas desconhecem como vão implementar os currículos nas aulas e se os professores têm ou não as habilitações necessárias para vir a ensinar educação sexual. "Não existe formação dos docentes e enquanto o Ministério não definir o que é necessário, isso não vai acontecer", esclarece a directora do agrupamento de Amarante.
Experiências passadas. Recuperar projectos antigos ou prosseguir com iniciativas lançadas em anos anteriores é um dos caminho que alguns dos estabelecimentos de ensino decidiram seguir. No agrupamento de Murça, o gabinete de educação sexual foi reactivado no início deste mês, após uma interrupção de dois anos. O espaço dispõe de uma professora de biologia, um psicólogo e ainda uma assistente social que procuram dar respostas a todas as dúvidas dos alunos: "A iniciativa é recente e contamos fazer um balanço no final do primeiro período."
Nas escolas de Amarante foi criada há três anos a disciplina de Educação para os Afectos e Sexualidade - são 45 minutos de aula por semana destinados aos alunos do 7º e 8º ano - mas a directora desconhece se a disciplina se enquadra no novo contexto legislativo; na Secundária Sebastião da Silva, em Oeiras, a sexualidade sempre esteve presente em várias disciplinas curriculares. Boa parte das escolas já adquiriu alguma experiência no ensino da sexualidade mas o que falta saber é se essa competência está de acordo com as novas regras.
por Kátia Catulo, Publicado em 22 de Outubro de 2009 / iOnline
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GOLDFINGER.
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