terça-feira, 3 de março de 2009

INCUMPRIMENTO ENCHE LEILÕES


Imobiliário: Casas de gama média começam a aparecer

O número de imóveis recuperados pelos bancos, devido ao incumprimento no pagamento das prestações dos empréstimos, está a aumentar de tal forma que a Euroestates passou a fazer leilões de 15 em 15 dias desde o início do ano, contra os 45 dias habitais em 2008. E não se tem dado mal. Ontem encheu uma sala de hotel em Lisboa, onde vendeu meia centena de imóveis por mais de 3,2 milhões de euros.

Um apartamento T1 em Setúbal, que foi a leilão por 30 mil euros, acabou por ser arrematado por 39 500 euros, o imóvel vendido pelo preço mais baixo. Com o mais caro, um T3 no Lumiar, em Lisboa, a diferença entre o preço-base e o vendido também não foi significativa: com o valor de 146 mil euros, foi vendido por 165 mil euros.

Este imóvel, com estacionamento e arrecadação em Lisboa, é um dos exemplos de que começam a aparecer imóveis de qualidade em leilões, sinal da crescente dificuldade da classe média em pagar as prestações dos empréstimos.

"Pela primeira vez, começaram a aparecer imóveis de gama média", explica ao CM o director comercial da Euroestates, uma tendência que se começou a desenhar desde o final de 2008.





A maior parte dos inscritos vai à procura de casa própria mas "já começam a aparecer muitas pessoas para comprar uma secundária", acrescenta Diogo Livério.

A dispersão geográfica é outra das tendências que se tem acentuado desde o ano passado, adianta Diogo Livério, que já tem marcados mais dois leilões no próximo mês, um em Lisboa e outro no Porto.

Dos 66 imóveis levados ontem a leilão, cerca de metade estava localizado fora dos grandes centros urbanos, nomeadamente na Região Oeste.

Estes imóveis são colocados em leilão com descontos no preço de saída de 30% e, nesse sentido, não reflectem a quebra nos valores imobiliários de quem vende directamente. O sinal exigido em leilão é de 1750 euros para imóveis até 150 mil euros.

Raquel Oliveira

Notícia da Net





Comentário:

Como vivo na Região Oeste, este sintoma deixa-me algo preocupado e lamento que já se tenha chegado ao ponto de assistirmos a leilões para a venda de casas.

Sinais dos tempos e não obstante a minha preocupação, parece-me que ainda assim, vai sendo o método de recurso para vender algumas propriedades a quem está com a corda na garganta e vai servindo aos bancos para delas se desfazerem, recuperando capitais em dívida, se não na totalidade, pelo menos parcialmente, atenuando prejuízos.

Casas recuperadas pela Banca por incumprimento sempre existiram, sobretudo porque os juros foram subindo de tal ordem que qualquer casal, na data de aquisição nunca pensou que mais ano menos ano ficasse sem condições de poder continuar a cumprir com os encargos assumidos.

As Leiloeiras sempre apareceram neste circuito, só que normalmente, as casas recuperadas eram depois canalizadas para vender através de Agência Imobiliárias.

Não tenho dúvidas, os tempos mudaram e a crise veio pôr a nu, a grande inflação de que as propriedades vinham sendo alvo. Era difícil resistir à constante valorização de preços e as propriedades atingiram valores inimagináveis.

Pessoalmente, mesmo não me passando pela cabeça que uma crise desta gravidade se instalasse em todo mundo, sempre defendi que estes valores poderiam e deveriam ter sido controlados e moderados, mas o mercado foi implacável e hoje tudo está agravado. A sede de ganhar muito dinheiro, cegou muita gente.

As dificuldades acrescidas no sector, vieram criar uma nova onda, particularmente nas zonas litorais, que são zonas de turismo, da febre da venda de imobiliário a investidores estrangeiros, com especial incidência no mercado britânico, vendas essas com garantias de rentabilidade, e que a realidade presente contraria, com algumas excepções. A necessidade de novos mercados assim o obrigou, mas receio que esta prática venha a trazer-nos ainda piores resultados e esta “galinha de ovos d’ouro” depressa se vai tornar em pesadelo, a menos que a crise financeira recupere com alguma celeridade.

Andares e moradias para vender, são mais que muitas, quer em primeira transacção, quer em segunda, e nestas regiões muito dedicada ao turismo, com uma grande predominância de segunda habitação, os efeitos do excesso de oferta, obrigou os preços a cair de forma abrupta e assustadora.

Assiste-se à desvalorização constante das propriedades, um pouco à semelhança do sector automóvel, ou seja, em vez da habitual valorização, as casas perderam o valor que lhe atribuíamos bem recentemente, com todos os reflexos que isso traz à economia de cada um e do próprio país.






Esta é também uma das razões porque nos inúmeros casos de incumprimento, muitas das propriedades tenham de ser vendidas, e o produto da venda não chegue para cumprir com as obrigações hipotecárias que a maioria das pessoas, de boa fé, formalizou junto da Banca. A mesma banca que está em crise, que passou anos a fio a oferecer-nos dinheiro a rodos, indiferente ao endividamento das famílias.

Soluções? Não encontro, mas talvez aqueles que ofereceram escancaradamente dinheiro, numa luta desenfreada de agressividade em termos de concorrência bancária, num markting sem precedentes, pudessem agora, com a mesma agressividade partir em busca dessas soluções. As famílias portuguesas ficavam-lhes gratas.

Estes leilões para venda de imobiliário proveniente de incumprimentos bancários, vão resolvendo, é verdade, alguns problemas, mas sobretudo interessam a quem ainda tem capacidade de investimento e é nestas alturas de crise que os ricos ficam mais ricos e os pobres ainda mais pobres. E uns não existem sem os outros, infelizmente.

Para quem tem algum capital disponível e procura casa, não deixa ainda assim de ser uma boa solução porque os custos são bem mais em conta e a banca tem condições vantajosas para aquisição nestas condições.

Veremos o que o futuro nos reserva, mas a perda constante dos empregos e da qualidade de vida, não deixa antever nada de bom nem deixa o panorama nada atraente e optimista.

GOLDFINGER


3 comentários:

Mare Liberum disse...

Nestas épocas de crise se fazem grandes fortunas. Aqueles que muito têm, compram a pataco bens que, posteriormente,readquirem o seu real valor e vendem facilmente com grande lucro.É preciso poder investir e poder esperar.

Bem-hajas, amigo!

Jinhos mil

Maria disse...

É um problema que ainda vai subsistir mais algum tempo, ninguém sabe quanto. Infelizmente...

Beijinho, G.

FERNANDINHA & POEMAS disse...

QUERIDO AMIGO GOLD, SEM DÚVIDA PREOCUPANTE ESTA SITUAÇÃO, MAS EU PENSO QUE INFELIZMENTE A TENDÊNCIA É PARA SE AGRAVAR...VAMOS A VER ATÉ QUANDO... UM ABRAÇO DE AMIZADE,
FERNANDINHA