Ginecologista investigado por abusos sexuais de pacientes
Queixas de utentes do hospital de Aveiro na base da intervenção da Inspecção de Saúde
A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde está a investigar um médico ginecologista do Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, por alegadamente ter abusado sexualmente de, pelo menos, uma paciente, apurou o "Jornal de Notícias".
Uma inspectora da IGAS esteve nas últimas semanas a efectuar diligências no Hospital de Aveiro. Falou com responsáveis da administração, com médicos e outros funcionários, bem como com uma alegada vítima. Contactado pelo JN, o director do Hospital de Aveiro, Francisco Pimentel, confirmou a investigação da IGAS. "Há um médico a ser investigado, é uma situação lamentável, mas resta-nos aguardar pelas conclusões da IGAS, sendo certo que tudo faremos para preservar o bom nome do hospital", adiantou.
O caso foi espoletado no final do ano passado. Primeiro através de uma carta anónima, presumivelmente escrita por uma das utentes, em que esta se queixava do referido médico, contando pormenorizadamente de que forma teria sido molestada sexualmente. A carta foi enviada para a IGAS, que a endereçou para o hospital de Aveiro.
Queixas seguidas
Poucos dias depois, e quando o hospital já estava a efectuar diligências no sentido de apurar a veracidade da queixa anónima, uma utente contactou directamente os responsáveis do hospital para se queixar do médico visado na carta anónima. A administração do "Infante D. Pedro" julgou inicialmente tratar-se da autora da carta anónima mas acabou por verificar que se tratava de um segundo caso. Tal como na primeira queixa, também a segunda mulher acusava o mesmo ginecologista de a ter molestado sexualmente através de contactos físicos considerados inadequados e da utilização de linguagem obscena.
Esta segunda situação foi comunicada de imediato pelos responsáveis do hospital de Aveiro à IGAS, que avançou para o inquérito, iniciado no mês passado.
"Anónimas", diz médico
A confirmarem-se as suspeitas, a IGAS entregará as conclusões ao Ministério Público e à Ordem dos Médicos de forma a que o processo se desenrole judicial e disciplinarmente, podendo a Ordem vir a proibir o médico do exercício da profissão. Contactado pelo Jornal de Notícias, o médico limitou-se a confirmar que está a ser investigado por "queixas anónimas".
O JN tentou falar com a utente que se queixou ao hospital, mas esta recusou. No entanto, fonte próxima da vítima, que a tem apoiado neste processo, adiantou que os abusos por parte do médico eram usuais, aproveitando-se do facto de estar sozinho com a paciente durante parte da consulta. "Farta de sofrer em silêncio, com medo de contar à família, por temer uma reacção violenta, contou-me o que se estava a passar e apresentou queixa no hospital", refere a mesma fonte.
JOÃO PAULO COSTA/Jornal de Notícias
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