terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O PROBLEMA COM OS ESTUDOS CIENTÍFICOS


Já no início de 1600, Francis Bacon, um filósofo inglês, questionou as certezas do conhecimento (científico). Como podemos nós ter a certeza que o conhecimento é completamente fiável, perguntava ele. Até esta altura, a tradição dos primeiros filósofos gregos era dar prioridade à dedução lógica, mas para Bacon esta não era suficiente. Ele considerava, tanto a observação da natureza como a experimentação formal, necessárias para demonstrar uma hipótese de forma adequada. Este conceito ainda é considerado válido hoje em dia, as teorias científicas são examinadas por um número variável de perspectivas e repetidas de modo fiável antes de serem aceites como sabedoria do dia.

Estudos populacionais

Muitos estudos científicos baseiam-se na observação de grupos populacionais específicos. Este tipo de investigação é conhecida como epidemiologia tem sido aplicada desde há algumas décadas no âmbito da saúde pública. Alguns estudos recentes focam a ligação entre as epidemias e a falta de higiene. Um estudo típico de epidemiologia moderna observa as possíveis relações entre o cancro ou as doenças cardiovasculares, e a dieta, estilo de vida ou genética.

Contudo, as associações que se observam apenas indicam que uma dieta ou um estilo de vida justificam um estudo mais amplo, não necessariamente implica uma causa ou efeito. Por exemplo se um estudo verificar que os vegetarianos vivem mais tempo do que os indivíduos que consomem carne, não seria possível determinar a partir desta informação que se deve a dieta ou se é resultado de estes terem um estilo de vida diferente. Num mundo onde todos são influenciados por muitos factores diferentes, por vezes é difícil distinguir os que são realmente importantes. O estudo epidemiológico é um ponto de partida para outros estudos mais detalhados, que devem analisar cada possibilidade existente. Desta maneira, é possível discernir entre os efeitos causais reais e os falsos.




Separar o “trigo do joio”

Os cientistas estão treinados para compreender as limitações dos estudos científicos e, no passado, algumas descobertas científicas eram debatidas e provadas de forma rigorosa dentro da comunidade científica ANTES do público ser informado. No entanto, actualmente, onde a informação é imediata, este passo é quase sempre ignorado, e o público é frequentemente confrontado com novas descobertas antes do processo de revisão estar completo (ou nem sequer começou). Como toda a gente tem de comer, a nutrição é uma área da ciência que interessa e preocupa muitos. Para não cientista, decifrar um estudo científico nem sempre é fácil. Como podemos nós determinar a importância ou a relevância de um estudo? Poderemos nós fazer mudanças nas nossas escolhas alimentares? De seguida surgem algumas ideias que ajudam a separar o “trigo do joio”:

  • Mudanças na dieta não devem ser baseadas num único estudo, especialmente se este é o primeiro nesta área ou se apenas se conhece resultados iniciais. Necessitam-se de muitos mais estudos para confirmar ou refutar os resultados de uma primeira investigação.
  • Há que averiguar que tipo de população foi estudada. Se se trata de mulheres jovens, os resultados podem não se aplicar a indivíduos mais velhos ou homens. Semelhantemente, estudos com animais não estão necessariamente relatados em humanos.
  • Associações ou correlações não provam uma causa ou efeito. É sempre necessário averiguar de uma forma mais detalhada se essa associação realmente existe.




Negócio arriscado

Outra área onde existe um grande potencial de confusão é o nível de risco e benefício reportado pelos estudos. Provavelmente, um estudo pode demonstrar que consumir um suplemento em particular aumenta o risco de contrair uma doença. Isto parece ser muito convincente, mas se o risco de contrair uma doença é extremamente raro, este resultado é menos clamoroso. Inversamente, se a doença é muito comum, reduzir o risco revela ser de grande importância.

Método científico

A ciência não é algo imutável, as descobertas científicas mais recentes devem ser parte de um diálogo entre especialistas. Diferentes opiniões sobre um mesmo estudo é prova de que a ciência é dinâmica e continua em evolução.


Texto da EUFIC

Fotos da Net

GOLDFINGER



10 comentários:

Mare Liberum disse...

E só continuando em evolução se tem conseguido atingir resultados que antes foram ininagináveis. Que esse diálogo continue a manter-se.

Mil beijinhos,Gold.

Bem-hajas!

Tem um bom dia!

Anónimo disse...

António bom dia. O post não é meu, é da Amélia que assina M.A. e que tem histórias fantásticas.
Uma mulher do norte também!
O blog é feito por nós as duas.

Logo mando mail com o programa da Natação Sincronizada Domingo em Santarém (Piscinas Municipais)

Abraço

Laura disse...

Ah, por ler a fátima acima, lembrei-me que vai uma M:A: ao meu blogue e já me prometeu um post no dia 23 ou seja, o dia da minha activação ao mundo dos sons...Como vês ó meu amigo, o mundo dos sons também tem muita ciência e muita coisa boa, há de tudo um pouco, só temos de ter cuidado com o que entra pela boca, seja alimento, sejam palavras, seja vento!... E tudo o resto o Mais Alto, há-de suprir!...
Um grande abraço da laura sempre ao dispor...e daqui a dias sai musiquinha, ó pois se sai...

São disse...

A ciência é indispensável e os estudos científicos necessários.
Mas é necessário estarmos atentos. pois os nazis fizeram experiências terríveis sobre seres humanos indefesos.
Um abraço, amigo.

Elvira Carvalho disse...

Ai amigo hoje não vou ler o seu post. É tarde e estou cansada. Sabe que não vejo a minha netinha desde Domingo? Nem tenho tempo para ir ver o anjinho. Na verdade, os meus dois bebés absorvem-me o tempo, como uma esponja absorve a água.
Um abraço e obrigada pela sua amizade.

Menina do Rio disse...

E seguindo essa linha, a ciencia vai modificando geneticamente os seres e os alimentos e novas epidemias vão surgindo... Olha, pasteurizaram o leite e as pessoas hoje tem deficiencia de calcio, dizem que manteiga afeta o colesterol e consomem margarina derivada de plastico. A maior causa das doenças está ao meu ver na alimentação modificada, desprovidas de cálcio, ferro, proteinas, sem contar que o estilo de vida moderno também contribui. Nada contra a evolução cientifica, mas do ponto de vista de conhecimentos e beneficios. No mais, sou leiga.

Um beijo pra ti

gaivota disse...

é útil e mais que precisa toda a investigação científica que se faz em todos os campos,
mas, até por todas as utilizações que se possam vir a fazer das ditas evoluções, há que estar atento...
beijinhos

Joaninha disse...

Muito bem António, muito bem dito!

Essa coisa das dietas é mais complicada do que as pessoas pensam, e nem sempre dá os frutos que se deseja :)

Então o seu filho quer ir para Direito, prepare-se vai ficar com um maluco em casa ;).
Mas acima de tudo não o deixe ir tirar zootécnica, é um curso lindo (eu pelo menos adorei!) mas não serve para nada ;)

Beijos

Dalinha Catunda disse...

OLá meu amigo Gold,
Você sempre trazendo assuntos interessantes para nossa apreciação.
Quanto ao Carnaval do Rio de Janeiro, vivendo tanto tempo aqui, eu prefiro passar no sitio, no interior de Rio de Janeiro.
Dizem que querer é poder, Quem sabe um dia o vento vira a seu favor e você poderá conhecer A Cidade Maravilhosa.
Um abraço,
Dalinha

vieira calado disse...

Um texto interessante.
Hoje em dia, os resultados de determinados testes ou conclusões são falseados, por interesses de diferentes Grupos Económicos.

Até no Prémio Nobel isso acontece, por exemplo da química.

Um forte abraço