terça-feira, 8 de dezembro de 2009

RENASCEM AS ESPERANÇAS?





Macacos imunes à SIDA podem ser chave da cura

Duas espécies de símios africanos, o macaco verde e o mangabei cinzento, são capazes de controlar a resposta do seu organismo ao vírus de imunodeficiência, evitando o desenvolvimento da sida. Os símios estão na origem dos vírus VIH e VIH2. Agora, estas duas espécies estão a dar novas pistas que poderão conduzir os cientistas a um possível tratamento

Dois estudos conduzidos em espécies de macacos portadores do VIS - vírus de imunodeficiência dos símios -, que nunca chegam a sofrer de sida, abrem novas perspectivas para o tratamento e eventual cura da doença em humanos, revela a edição deste mês do Journal of Clinical Investigation.

A investigação, intitula- da Penn Study, foi conduzida em duas espécies originárias de África - o macaco-verde africano (Chlorocebus aethi- ops) e o mangabei-cinzento (Cercocebus atys) - consideradas "reservatórios naturais" do VIS. Este último é, aliás, apontado como o provável hospedeiro original do que viria a ser o vírus de imunodeficiência humana de tipo 2 (VIH2).

Os estudos foram conduzidos por investigadores norte--americanos, que analisaram o mangabei; e por uma equipa do Instituto Pasteur, de paris, que se encarregou do macaco-verde. E as conclusões foram no mesmo sentido: ambas as espécies desenvolvem uma resposta imune inata à doença. Mas esta resposta - ao contrário do que sucede com outras espécies de símios e com o ser humano, no caso do VIH - é rapidamente controlada, impedindo-se a fragilização das "defesas" do organismo que conduzem à síndroma de imunodeficiência adquirida (sida).

Entre os humanos - é recordado numa apresentação da componente francesa do estudo publicado no site VIH.Org - "O VIH induz muito rapidamente uma inflamação e uma activação crónica e generalizada das células de imunidade que conduzem a disfunções graves no nosso sistema de defesas."

Mas estas duas espécies de macacos - quando comparadas com outros símios, como o Rhesus, nos quais a evolução do vírus é semelhante à humana - revelam uma capacidade muito superior para controlar as suas próprias defesas.

"Os mangabeys são capazes de rapidamente 'desligar' a resposta imunitária depois da infecção inicial com SIV, permanecendo saudáveis", disse Steven E. Bosinger, primeiro autor do estudo conduzido nos EUA citado pelo site da Internet Science Daily.

Desde meados da década de 90, a melhoria radical da qualidade da medicação, sobretudo dos antiretrovirais, permitiu baixar radicalmente os doentes com sida e as mortes. Porém, em 2006 havia quase 40 milhões de infectados com VIH no mundo, mais de metade dos quais na África subsariana, onde o escasso acesso a medicamentos continua a ditar muitas mortes anuais.

por PEDRO SOUSA TAVARES / Diário de Notícias

Foto do Diário de Notícias

GOLDFINGER

Sem comentários: