EM COPENHAGA PELO CLIMA!

Avisos sobre o clima redobram na cimeira

Começou maratona negocial para acordo sobre emissões para a atmosfera.

A sessão inaugural da Conferência sobre Alterações Climáticas, ontem, em Copenhaga, resultou num apelo dramático ao consenso mundial para que a acção humana faça marcha atrás na poluição atmosférica.

"A nossa sobrevivência não é negociável". Esta a mensagem de aviso levada à capital da Dinamarca por uma delegação dos pequenos países insulares, como Vanuatu, Cook ou as Fidji, territórios dos mais ameaçados pela subida do nível dos oceanos. O caso destes povos ilustra apenas uma das muitas situações invocadas nos discursos inaugurais dos responsáveis máximos por esta conferência da ONU.

O chefe do Painel Intergovermanental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas citou as conclusões do IV relatório sobre o que se passa no planeta e sua atmosfera. Ondas de calor e tempestades, cheias, degelo, extinção de espécies, falta de água, fenómenos extremos com muitas vítimas humanas, mais fome e refugiados, mais doenças e menos rendimento. Rajendra Pachauri enumerou a lista de desgraças que podem ser acentuadas caso os líderes mundiais não se entendam agora para fazer decrescer as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), por forma a estancar em pelo menos 2º centígrados a subida da temperatura face a 1850.

O coordenador do Painel Climático disse o que o mundo enfrenta e reafirmou o que as centenas de cientistas de diversas especialidades incluíram no relatório de 2007: há pelo menos 90% de certeza em como as mudanças climáticas têm como detonador a acção humana. Rajendra Pachauri sublinhou isto para contrariar impactos nas decisões da cimeira com o estalar do ClimateGate. Sobre esta divulgação, por piratas, de correspondência electrónica de cientistas que há uns anos teriam procurado maneira de "carregar na tinta" de dados sobre o clima, Pachauri afirmou que esse roubo de emails "prova até que ponto alguns estão dispostos a chegar para desacreditar o Painel Climático". As conclusões deste, sublinhou, foram mais que revistas por outros grupos científicos alheios a eventuais manobras. Ainda assim, os cépticos ganharam fôlego e, ontem mesmo, a Arábia Sáudita, um dos grandes do petróleo, opinava que "o nível de confiança no painel Climático foi afectado".

A cimeira é lançada com perspectivas distintas de desfecho. Expectativas expressas por líderes europeus vão no sentido de que um tratado jurídico seja assinado em 2010, depois de um acordo mais genérico no próximo dia 18. A expectativa é seguida pela própria ONU. A incógnita maior mantém-se quanto aos EUA, mas percebeu-se ontem que Obama pode trazer a Copenhaga compromissos mais concretos. É que a agência ambiental americana declarou como nocivos à saúde os gases com efeito de estufa, driblando as reticências do Congresso sobre a matéria.

Jornal de Notícias / EDUARDA FERREIRA, COM AGÊNCIAS






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