quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

MEU CARO PAI NATAL






Ando há uns dias para te escrever e confesso que pensei muito antes de o fazer. Afinal, deves ter imensas cartas para ler e dar resposta, e a última coisa que eu quereria era que perdesses tempo comigo, que já poucas coisas tenho para te pedir.


Sabes, em matéria de pedidos de Natal, a idade tem muita importância (a minha já vai sendo considerável), e como tal ponderei muito se te devia ou não fazer perder alguns minutos comigo.


Não é a primeira que te envio, e em todas elas sempre te pedi as prendinhas do costume, só que desta vez não é bem essa a minha intenção. Desta vez quero agradecer-te por todas elas que foram muitas. Sei que o teu tempo é passado a correr nesta época do ano e talvez por isso nem todas as prendas que te pedi me tenham sido entregues no Natal, o que não representou problema algum.


Hoje quero agradecer-te todos os sonhos que me proporcionas-te, todas as ilusões que me crias-te e sobretudo o teres sido motivo de união da família cá em casa.


Lembro-me tão bem das minhas primeiras noites de Natal. A ansiedade que as antecediam e depois à noitinha, a correria para pôr o sapatinho na chaminé, sempre na companhia de minha mãe. Era ela que nos conduzia os passos, a mim e às minhas irmãs, até àquele momento sagrado. Depois era deixar em local bem visível os nossos sapatinhos e ir dormir a correr porque no dia seguinte, bem cedinho, eles lá estariam carregadinhos de prendas.


Confesso-te agora que sempre fiz uma pequenina batota na questão dos sapatinhos. Normalmente eu deixava pela chaminé uma botita pois acreditava que sendo maior que o sapato eu receberia mais coisas. Puro engano. Uns aninhos mais tarde, conclui que essa artimanha não me tinha servido de nada.


Ao longo da vida, outras noites de natal vieram e a correria que sempre tivemos, tiveram os meus filhos, não com a mesma intensidade que nós, mas à sua maneira e a tradicional chaminé foi substituída pela árvore de Natal, onde passaram a ficar os sapatinhos.


Foi uma mudança e percebi que tinha de estar preparado para ela e para todas as outras que acabaram por acontecer. São os tempos.


Depois, vieram os netos que esperam não pela manhã seguinte, mas pela meia-noite para abrirem as prendas que são deixadas por debaixo da árvore de natal, embora cá em casa a façamos junto à lareira, pormenor que me tem emprestado as memórias de outrora. Outros tempos, outras formas de o pensar mas sempre Natal.


É aqui que tu entras, Pai Natal. É por tudo isto que te quero agradecer, por estas noites, por estes dias, por estas alegrias, pela família que tenho, pela mulher e companheira que reparte comigo todos estes momentos, pelos pais que tive, pelos filhos, pelos netos, pelos amigos, pela vida que desfrutei, pelos momentos bons e pelos momentos menos bons, porque esses ajudaram-me a crescer e a perceber como os bons tiveram e têm mais sabor.


Como vês, ser-me-ia muito difícil voltar a pedir-te fosse o que fosse e eu não encontro nada que já não tenha.


Não penses no entanto, que te vou dar descanso porque pensando melhor, atrevo-me a pedir-te ainda mais umas coisitas, para que tu, caso encontres lugar no teu trenó, mas possas deixar na noite de Natal que se aproxima. Não são muitas, são três ou quatro prenditas que me andam a fazer cada vez mais falta:



PACIÊNCIA, TOLERÂNCIA, CORAGEM E SAÚDE



Ainda tenho muitas coisas para fazer por cá e sei que as levarás também a muitos que como eu te fizeram o mesmo pedido, mas no meu caso elas andam mesmo a fazer-me falta e nem preciso que mas ponhas no sapatinho, basta que as deixes cair quando por aqui passares que saberei recolhê-las.


Bem meu caro Pai Natal, a carta já vai longa e deves ter mais que fazer, por isso, envio-te um grande abraço por tudo o que tens representado na minha vida, mesmo sabendo que quem te inventou apenas queria que ajudasses a vender Coca-Cola.


Ainda um pequeno aviso para que te ponhas “à tabela”, é que nos dias que correm, com as novas tecnologias e com a facilidade de acesso à informação que a nossa garotada tem, existem fortes possibilidades de um dia destes te enviarem para a reforma, tal como a mim, por isso não te distraias e vai passando e sorrindo.


Fico na expectativa.


GOLDFINGER


Foto da Net



2 comentários:

Laura disse...

Olá meu querido amigo, procurei-o, quem sabe por ser Natal, quem sabe o Pai Natal me piscou o olho e, através de blogues amigos, aqui estou!...
De certezinha que o nosso bom Pai Natal, vai trazer um pouco de tudo em doses equilibradas, pesadas na balança, já!...porque há certas coisas que não há paciência que aguente, nem tolerância que não se esgote e a saúde, ó valha-nos a idade vai trazendo pequeninos remendos para a saúde e buracos maiores que o remendo,enfim, tenhamos a santa da paciência (lá vem ela de novo) e vamos indo,s eguindo, felizes por termos uma familia amiga e belas recordações de Natal, que, diga-se, avivaram as minhas na casa dos meus avós maternos...tão bom que era...
beijinhos e sim, que a paciência nunca se esgote e a tolerância não seja a zero...a saúde há-de ir melhorando, palavra de laurinha...beijinhos, muitos, a toda a familia...

gaivota disse...

seria assim a minha carta ao pai natal! não com tantas boas recordações de tempos idos, mas dos que ainda hoje consigo fazer aqui com as minhas filhas, companheiros e netos, onde há sempre um pai natal...e a expectativa da sua chegada é imensaaaaa, o martim já tem 7 anos, é o mais velho, só penso até qusando vai pensar no pai natal e não se desiludir a ele nem ao irmão e priminhas...
pedia-lhe paciência, tolerância, saúde, e paz e que nos mantenha "vivos" para acompanhar e amaparar mais uns tempos os nossos bebés, tudo é sempreciso tão preciso!
não trouxeste a 'arbol de la amistad'?
beijinhos