segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A VERGONHA CONTINUA INFELIZMENTE





Duzentos idosos são abandonados por ano

Hospitais recusam dar alta a pacientes que ninguém reclama. Muitos vão parar a lares.

Mais de duas centenas de doentes idosos são abandonados por ano só num hospital da capital, um problema social que ocorre em outras unidades de saúde. Os pacientes têm alta clínica mas não têm alta social, isto porque os familiares não os vão buscar. Uma situação que ocorre também no Natal, uma época em que as famílias estão reunidas.

Manuel Delgado, administrador do Hospital Curry Cabral, reconhece que o número de doentes abandonados pelas famílias é preocupante. 'Infelizmente o problema de doentes com alta clínica e sem alta social não ocorre apenas no Natal, mas em todo o ano.'

Segundo o administrador, o número de doentes abandonados pelos familiares que não os visitam nem vão buscar representa 'dois a três por cento dos doentes internados por ano'. Contas feitas, significa que os doentes abandonados por ano podem rondar os 260 a 390.

O Hospital de São José tem seis doentes com alta protelada, enquanto o Santo António dos Capuchos tem quatro doentes, todos mulheres, com alta adiada.

O mesmo se passa no Hospital de Santo André, em Leiria. Apesar de não estarem contabilizados, a verdade é que ocorrem alguns casos de abandono de idosos, mas o problema é rapidamente resolvido pelos serviços da Segurança Social.

Nos hospitais de São Teotónio (Viseu), Amato Lusitano (Castelo Branco) e Sousa Martins (Guarda), o CM confirmou que os casos de abandono de idosos são 'muito pontuais'.







'UM MILHAR EM LISTA DE ESPERA'

Um milhar de doentes está em lista de espera para entrar na Rede de Cuidados Continuados Integrados (RCCI). A coordenadora da RCCI, Inês Guerreiro, recusa atribuir culpas exclusivamente às famílias. 'Não podemos criar bodes expiatórios, apesar de algumas famílias não prestarem.' A responsável explica: 'Não basta mandar os doentes para casa quando têm alta hospitalar, pois em muitas situações as famílias não têm condições para acolher os doentes que ainda precisam de cuidados e não há lugar na Rede. Este problema arrasta-se há 30 anos, e só há três anos começámos a dar resposta aos doentes.' A RCCI conta com quatro mil camas e prestou assistência a 40 mil doentes. Porém, Inês Guerreiro reconhece ser insuficiente. 'Apenas damos resposta a um terço dos pedidos. O problema é complexo. Todos falhamos, cuidados de saúde primários, rede de cuidados, Segurança Social. E quem é mais penalizado é o doente.'








DEPENDENTES E DEIXADOS À SUA SORTE

Nos hospitais da região Centro são 'muito residuais' os casos de idosos deixados abandonados nas unidades hospitalares nesta altura do ano. No entanto, os responsáveis salientam que há sempre 'casos complexos' de pessoas que, recebendo alta, se mantêm no hospital porque 'não têm para onde ir'. Quando isso acontece, os idosos são reencaminhados para os serviços da Segurança Social. José Josué, presidente do conselho de administração do Hospital de Santarém, refere que 'infelizmente' há pessoas que são levadas para as Urgências e que depois de atendidas não têm para onde ir. 'São sobretudo pessoas dependentes, com grande problemas, que são abandonadas à sua sorte. Depois acabam por permanecer no hospital', adianta José Josué.

Cristina Serra/Luís Oliveira / Pedro Galego

Correio da Manhã

Fotos da Net

GOLDFINGER



3 comentários:

Belisa disse...

Olá
Meu amigo, esta é uma realidade muito preocupante e triste.
Só agora estou a começar a enviar as minhas Boas Festas, mas vai sempre a tempo, temos o ano inteiro...saúde e felicidades é o que eu desejo.
Muitos beijinhos estrelados

Mare Liberum disse...

Uma situação preocupante e que tenderá a aumentar. As crises não são só económicas, são políticas, são sociais e não tenho conhecimento de medidas eficazes neste sentido. Acontece com os idosos, acontece com as crianças porque esta sociedade está a esvaziar-se de valores que ainda há alguns anos eram sagrados. A futilidade que grassa por aí, a irresponsabilidade, a ausência de afectos traz isto e muito mais. É lamentável mas é um facto e todos nós somos co-responsáveis nestas situações pois como "sócios" não podemos auto-excluir-nos.
Bem-hajas, pelo teu alerta.

Beijinhos

Bom Ano Novo

gaivota disse...

é verdade, antónio, é uma vergonha!
como é possível, perguntamo-nos tantas vezes perante estes e outros casos...
não sei, não sabemos, mas é a realidade da cabeça de algumas (muitasssssss) pessoas...
beijinhos