Que melhor maneira de começar um blogue que transcrevendo um artigo de João Querido Manhã, publicado no Correio da Manhã, que me pareceu interessantíssimo pela análise que faz sobre jogadores que “acidentalmente”, ou talvez não, marcam ao Sport Lisboa e Benfica.
Apetece-me acrescentar, que não são só para estes jogadores, a glória de marcar um golo ao Benfica, é também a glória de um clube, a honra de vencer o Benfica.
Mesmo não dominando o panorama futebolístico nas últimas décadas, a verdade é que a grande façanha dos clubes nacionais, sejam eles grandes ou pequenos, é ganhar ao velhinho SLB.
É o jogo de uma vida, e é em muitos casos a reviravolta que a maioria dos clubes dá quando consegue bater o pé ao grande SLB.
O jogo da Glória
Motivação: Marcar ao Benfica é um desafio de jogadores secundários
Nas últimas temporadas em que o Benfica perdeu a hegemonia no futebol nacional, tem-se repetido com impressionante regularidade uma situação invulgar na relação do clube com os seus adversários menos importantes: jogadores sem currículo de goleador conseguem fazer precisamente contra o Benfica o seu único golo da temporada, algumas vezes até da própria carreira.
Só na Liga já se contam 33 situações em que o golo sofrido pelo Benfica é da autoria de um herói improvável, que aproveita ao máximo a glória efémera do jogo normalmente com maior exposição mediática da respectiva temporada. Esta situação é mais comum frente aos clubes de segunda e terceira linha do que com os concorrentes directos e nunca suscitou qualquer reflexão por parte dos observadores regulares do futebol nacional. É, porém, muito mais do que uma coincidência.
Os últimos quatro golos que o Benfica sofreu na Liga, dois do Vitória de Setúbal e outros dois na última jornada, na Trofa, saíram dos pés de jogadores que ainda não se tinham estreado nas jornadas anteriores ou, sequer, ao nível da 1ª Liga portuguesa – especialmente Reguila, um goleador dos escalões inferiores que parecia não caber nas ambições do Trofense para esta época de estreia ao mais alto nível. Ora, Reguila aproveitou a inspiração do Benfica para apontar um golo de autor, de execução difícil, com mais de
Logo no primeiro jogo da temporada, em Vila do Conde, o Benfica deu fama a um Semedo completamente desconhecido que só não encabeça a lista deste ano porque, entretanto, conseguiu voltar a marcar outra vez. Como acontecera na época anterior com um tal Nwoko, do Leixões, cuja carreira marginal no futebol lusitano ficará para sempre marcada por essa proeza, bem difícil de repetir frente a outros adversários, incluindo os menos poderosos.
O Benfica motiva os adversários de uma forma muito especial e este registo invulgar constitui prova de que os seus jogadores devem preparar-se para uma oposição reforçada, por mais modesta que aparente ser. Muitas vezes acontece que, depois de alcançarem a glória frente ao Benfica, estes jogadores se eclipsam nas jornadas seguintes – ou, a nível colectivo, sofrem sucessivas derrotas depois de um brilharete frente ao clube maior.
É aos jogadores e técnicos do próprio Benfica que compete encarar este desafio e assumi-lo como motivação.
4 GOLOS 4 MOMENTOS
UM DIA POR ANO
Laionel é dos avançados menos ameaçadores e parece que só marca num dia por época. Pelo Boavista um ‘hat trick’. Pelo Vitória, frente ao Benfica e na Luz.
BICICLETA SEM SÓ
Um pontapé de bicicleta de fora da área foi a inspiração do defesa Anderson do Ó para se estrear a marcar
FEZADA DE TREINADOR
Reguila parecia condenado a passar anónimo ao lado da história do Trofense mas o treinador teve uma fezada e deu- -lhe a titularidade frente ao Benfica.
AJUDAR O PATRÃO
O Benfica é sempre uma inspiração para os jogadores do FC Porto emprestados a outros clubes. Hélder Barbosa, de facto, comungou do prazer de ajudar a casa-mãe.
FALTA DE APLICAÇÃO É UM PROBLEMA DO BENFICA
Quando os jogadores do Benfica têm dificuldades de aplicação, como acontece frequentemente, o clube lisboeta defronta-se com um problema praticamente insolúvel: do lado contrário a motivação é total, extrema. Quando se discute a transmissão da famosa mística encarnada, talvez uma demonstração desta sequência de episódios ajude os jogadores que conhecem mal a história do clube. O Benfica é o único emblema em Portugal e um dos raros no Mundo que inflacionam o valor de um golo sofrido: marcar um golo ao Benfica pode valer uma carreira.
E o clube de Luís Filipe Vieira, tal como na questão das multidões que leva aos outros estádios e às audiências de televisão que gera em qualquer partida, não cobra ‘royalties’ por esta competência de fazer jogadores banais sentirem-se estrelas por um dia.
GRAND SLAM MIGUELITO
Ao longo da carreira, Miguelito nunca conseguiu apontar mais de um golo por temporada mas todos valeram triunfos da própria equipa, o Rio Ave em três ocasiões e o Nacional noutra. Foi também um dos que tiveram a sua jornada de glória frente ao Benfica mas um ano antes já tinha vivido situação semelhante frente ao FC Porto. Falta-lhe marcar ao Sporting para obter um raríssimo ‘grand slam’.
O MISTERIOSO BEVACQUA
O argentino Julio Maximiliano Bevacqua, antes de se radicar no Liechtenstein, passou uma época (2005-06) em Portugal, aonde chegou com a etiqueta de goleador e se transformou num exaspero dos treinadores Jesualdo e Toni. Na Amadora só marcou na própria baliza. Era bom de cabeça mas em 27 jogos só assinou dois golos: ambos frente ao Benfica, oferecendo a vitória ao Braga
A DESPEDIDA DE MARCO ALEIXO
Passou acidentalmente pela 1.ª divisão, no auge de uma carreira longa mas discreta com base no Leixões. Foi ao serviço do Aves que passou a sua época de glória, em 2000-01, que terminou com um célebre jogo com o Benfica concluído com insólito 4-4. Marcou de livre pela equipa que descia de divisão, inaugurando a longa sequência de golos individualizados para mais tarde recordar.
A FAMA NUM MINUTO
LAZARONI
Que será feito do jovem brasileiro que Lazaroni achou por bem lançar na equipa principal do Marítimo quando perdia por 1-0 com o Benfica? Dois minutos depois de entrar em campo, Ytalo tocou o céu e desapareceu.
NOMES PARA RECORDAR
Reguila, Laionel, Ytalo, Fahel, Bevacqua, Svard, Valnei, Alcaraz, Sané, Braíma, Fumo, Abiodun: ter um nome distinto e fácil de decorar também ajuda à fama.
LUÍS LOUREIRO
Dos ‘grandes’, apenas Luís Loureiro (Sporting) enfileira nesta galeria. Talvez por não ter sido, ele próprio, um grande.
A LISTA DE 33 HERÓIS ACIDENTAIS
É impressionante a lista de jogadores que compartilham esta experiência acidental de marcar o golo do ano ao Benfica, muitos dos quais valeram empates e vitórias aos clubes, quase todos de segunda linha. Sané (Belenenses) e Bevacqua (Braga) excederam-se e conseguiram mesmo marcar por duas vezes na mesma partida. Em alguns casos, os envolvidos são marcadores regulares, como César Peixoto ou Fangueiro, que na época em causa tiveram um ano mau, mas a esmagadora maioria foi mesmo caso de ‘tiro único’. Esta lista podia ser ampliada com outros jogadores que conseguiram marcar em apenas mais uma partida na mesma época, caso de Cadu (Leiria), que na época passada fez dois golos, um ao Benfica e outro ao Sporting.
João Querido Manhã
GOLDFINGER
5 comentários:
Vim agradecer-lhe a visita que fez ao Cata-Vento e eis que me deparo com um post sobre o meu Glorioso. O S.L:B. será sempre Grande. Quanto mais não seja pela seu passado.Que continue a lutar por melhores dias é o meu desejo.
Bem-haja!
Voltarei.
Um abraço
Voltei, amigo!Para te dar um abração! É que reli o teu post e ou muito me engano ou és alguém qu muito estimo.
Seja como for,dou-te as boas-vindas à blogosfera.
Com amizade me despeço. Tem um bom domingo! O dia está soalheiro. Vamos ver o mar!
Beijinhosssssssssssss
Muito bem Cata-Vento
Já não se pode andar incógnito...
Veremos o que este vai dar... mas que será diferente... podes apostar...
Jinhos............ muitos.....
GOLDFINGER
Ter o privilégio de ser a primeira a comentar o blog foi uma alegria muito grande.
Um abração do coração
Também fiquei contente por esse facto.
Um abração cheínho de mil beijinhos
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