“Por um mero acaso, acho que não ressono, pelo menos ninguém se queixa, e quando assim é. Tenho uma vantagem, é que não costumo dormir de barriga para o ar e, segundo creio, esta é a posição que mais favorece o roncar. Apesar de não ter grandes queixas de minha mulher, a verdade é que já não é a primeira vez, se bem que raras, que acordo repentinamente com a sensação de que estaria a ressonar. Vale a pena, deitar uma vista de olhos pelo que encontrei na Net sobre a Roncopatia e a Apneia do Sono”.
Ressonar ou roncopatia é o barulho mais ou menos intenso que homem ou mulher fazem durante o sono.
Deve ser considerado como um sinal de alarme; quando presente, obriga a que se despistem doenças que podem ser a causa ou coincidam com esta situação. Poderão ser doenças do sono ou não.
…
Cerca de 50% dos homens e de 25% das mulheres com mais de 40 anos de idade, sofrem de roncopatia crónica e/ou do síndrome da apneia obstrutiva do sono. Incluem-se no seu quadro clínico o sono agitado e a ronqueira permanente, em qualquer posição corporal, e de uma intensidade tal que pode tornar-se audível fora do quarto de dormir. Associam-se pausas respiratórias, muitas vezes prolongadas e repetidas, que condicionam baixa do oxigénio sanguíneo e, consequentemente, um maior esforço cardio-respiratório. Após uma noite nestas condições o paciente encontra-se fatigado, adormecendo facilmente em qualquer lugar, mesmo ao volante do automóvel. A hipertensão de predomínio matinal junta-se ao quadro que também inclui irritabilidade, falta de concentração intelectual, baixa de rentabilidade laboral e mesmo impotência.
Trata-se de patologias de grande actualidade, que determinam perturbações da saúde, do desempenho da actividade diária e da inserção familiar e social das pessoas que delas padecem, tendendo a agravar-se com a idade e com as alterações físicas progressivas que se observam com o decorrer da mesma. O estilo de vida e os hábitos sociais e de trabalho da vida actual agravam estes quadros e dão-lhes um grande impacto na sociedade.
Há cerca de 25 anos atrás vários médicos e investigadores começaram a estudar estas patologias e verificaram que, dependendo da gravidade de cada caso, estas patologias determinavam sintomas e sinais físicos diversos que poderiam chegar à insuficiência cardio-ventilatória e à morte.
O que é
A difícil passagem do ar respiratório nos estreitamentos nasais e faríngeos determina um esforço aumentado na ventilação e a entrada em vibração das estruturas menos tensas como os cornetos nasais, palato mole e úvula originando a ronqueira nocturna. A gravidade deste ruído respiratório é proporcional à intensidade e frequência da ronqueira e ao facto de se poder verificar em qualquer posição do corpo, nomeadamente mesmo sentado.
A evolução decorrente da idade, com maior hipotonia das paredes musculares da faringe, o excesso de peso, o cansaço laboral, bem como a ingestão de refeições pesadas, álcool ou sedativos, agravam o quadro de ronqueira e de apneia obstrutiva do sono.
Causas
Subjacente ao este quadro obstrutivo do sono estão as alterações da permeabilidade nasal, como o desvio do septo nasal, a rinite hipertrófica, a rino-sinusite e a polipose naso-sinusal, bem como os estreitamentos físicos da faringe, sobretudo o palato e úvula longos, as amígdalas hipertróficas, faringes globalmente estreitas e as línguas volumosas, associadas ou não a micrognatia edeficiente abertura da boca.
Como se trata
O estudo destas patologias passa pela avaliação geral do doente e dos aspectos já referidos, pela observação por Clínico de ORL, com realização de exames endoscópicos ORL, e pelos estudos polissonográficos. Alguns doentes requerem um estudo pluridisciplinar com a participação de Clínicos de diversas Especialidades para esclarecimento global da sua patologia e seu enquadramento terapêutico.
…
Do ponto de vista cirúrgico a cirurgia endonasal, a microcirurgia e endoscopia naso-sinusais, a cirurgia laser, a coblation e a cirurgia ultra-sónica constituem um arsenal cirúrgico muitas vezes associado entre si e de acordo com cada caso clínico-cirúrgico.
…
José Paulo Ribeiro da Silva
(Doutorado em ORL - U.P.)
Coordenador ORL do Hospital da Arrábida
Fotos da Net
GOLDFINGER
2 comentários:
Mais um post muito interessante. De facto, ter alguém a ressonar ao nosso lado não é nada agradável mas esta tua amiga dorme na paz dos anjos e não se apercebe se alguém cá em casa o faz.
No entanto, após a leitura, levantaste-me a curiosidade e vou ler um pouco mais sobre isto.
Bem-hajas, migo!
Bjinhos mil
Bom fim de semana!
Parece que este foi feito para mim.
Porque eu sim ressono. Infelizmente para mim tenho apneia do sono. Em Setembro de 2006 fui submetida a uma cirurgia, por causa da apneia, mas não resolveu o problema. Daí que tenha voltado a ser observada pelo cirurgiâo há dias, que me remeteu para pneumologia, a fim de fazer o estudo para passar a dormir de máscara. Porque o mal da apneia, não é o ressonar, ainda que isso possa não ser agradável para quem partilha connosco o descanso. O mal é o estrago que o coração e o cérebro sofrem, com as baixas de oxigénio cada vez que paramos de respirar.
Um abraço e bom fim de semana
Enviar um comentário