quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

RONCOPATIA E APNEIA DO SONO


“Por um mero acaso, acho que não ressono, pelo menos ninguém se queixa, e quando assim é. Tenho uma vantagem, é que não costumo dormir de barriga para o ar e, segundo creio, esta é a posição que mais favorece o roncar. Apesar de não ter grandes queixas de minha mulher, a verdade é que já não é a primeira vez, se bem que raras, que acordo repentinamente com a sensação de que estaria a ressonar. Vale a pena, deitar uma vista de olhos pelo que encontrei na Net sobre a Roncopatia e a Apneia do Sono”.



Ressonar ou roncopatia é o barulho mais ou menos intenso que homem ou mulher fazem durante o sono.
Deve ser considerado como um sinal de alarme; quando presente, obriga a que se despistem doenças que podem ser a causa ou coincidam com esta situação. Poderão ser doenças do sono ou não.

Cerca de 50% dos homens e de 25% das mulheres com mais de 40 anos de idade, sofrem de roncopatia crónica e/ou do síndrome da apneia obstrutiva do sono. Incluem-se no seu quadro clínico o sono agitado e a ronqueira permanente, em qualquer posição corporal, e de uma intensidade tal que pode tornar-se audível fora do quarto de dormir. Associam-se pausas respiratórias, muitas vezes prolongadas e repetidas, que condicionam baixa do oxigénio sanguíneo e, consequentemente, um maior esforço cardio-respiratório. Após uma noite nestas condições o paciente encontra-se fatigado, adormecendo facilmente em qualquer lugar, mesmo ao volante do automóvel. A hipertensão de predomínio matinal junta-se ao quadro que também inclui irritabilidade, falta de concentração intelectual, baixa de rentabilidade laboral e mesmo impotência.


Trata-se de patologias de grande actualidade, que determinam perturbações da saúde, do desempenho da actividade diária e da inserção familiar e social das pessoas que delas padecem, tendendo a agravar-se com a idade e com as alterações físicas progressivas que se observam com o decorrer da mesma. O estilo de vida e os hábitos sociais e de trabalho da vida actual agravam estes quadros e dão-lhes um grande impacto na sociedade.

Há cerca de 25 anos atrás vários médicos e investigadores começaram a estudar estas patologias e verificaram que, dependendo da gravidade de cada caso, estas patologias determinavam sintomas e sinais físicos diversos que poderiam chegar à insuficiência cardio-ventilatória e à morte.



O que é

A difícil passagem do ar respiratório nos estreitamentos nasais e faríngeos determina um esforço aumentado na ventilação e a entrada em vibração das estruturas menos tensas como os cornetos nasais, palato mole e úvula originando a ronqueira nocturna. A gravidade deste ruído respiratório é proporcional à intensidade e frequência da ronqueira e ao facto de se poder verificar em qualquer posição do corpo, nomeadamente mesmo sentado.

A evolução decorrente da idade, com maior hipotonia das paredes musculares da faringe, o excesso de peso, o cansaço laboral, bem como a ingestão de refeições pesadas, álcool ou sedativos, agravam o quadro de ronqueira e de apneia obstrutiva do sono.

Causas

Subjacente ao este quadro obstrutivo do sono estão as alterações da permeabilidade nasal, como o desvio do septo nasal, a rinite hipertrófica, a rino-sinusite e a polipose naso-sinusal, bem como os estreitamentos físicos da faringe, sobretudo o palato e úvula longos, as amígdalas hipertróficas, faringes globalmente estreitas e as línguas volumosas, associadas ou não a micrognatia edeficiente abertura da boca.




Como se trata

O estudo destas patologias passa pela avaliação geral do doente e dos aspectos já referidos, pela observação por Clínico de ORL, com realização de exames endoscópicos ORL, e pelos estudos polissonográficos. Alguns doentes requerem um estudo pluridisciplinar com a participação de Clínicos de diversas Especialidades para esclarecimento global da sua patologia e seu enquadramento terapêutico.

Do ponto de vista cirúrgico a cirurgia endonasal, a microcirurgia e endoscopia naso-sinusais, a cirurgia laser, a coblation e a cirurgia ultra-sónica constituem um arsenal cirúrgico muitas vezes associado entre si e de acordo com cada caso clínico-cirúrgico.


José Paulo Ribeiro da Silva
(Doutorado em ORL - U.P.)
Coordenador ORL do Hospital da Arrábida

Fotos da Net

GOLDFINGER


2 comentários:

Mare Liberum disse...

Mais um post muito interessante. De facto, ter alguém a ressonar ao nosso lado não é nada agradável mas esta tua amiga dorme na paz dos anjos e não se apercebe se alguém cá em casa o faz.
No entanto, após a leitura, levantaste-me a curiosidade e vou ler um pouco mais sobre isto.

Bem-hajas, migo!

Bjinhos mil

Bom fim de semana!

Elvira Carvalho disse...

Parece que este foi feito para mim.
Porque eu sim ressono. Infelizmente para mim tenho apneia do sono. Em Setembro de 2006 fui submetida a uma cirurgia, por causa da apneia, mas não resolveu o problema. Daí que tenha voltado a ser observada pelo cirurgiâo há dias, que me remeteu para pneumologia, a fim de fazer o estudo para passar a dormir de máscara. Porque o mal da apneia, não é o ressonar, ainda que isso possa não ser agradável para quem partilha connosco o descanso. O mal é o estrago que o coração e o cérebro sofrem, com as baixas de oxigénio cada vez que paramos de respirar.
Um abraço e bom fim de semana