“Também ontem regressou a Lisboa a Fragata”Corte-Real” e nela regressou o meu sobrinho João. Já falámos, chegou bem, cheio de orgulho na missão cumprida, mas com muitas saudades. Bem-vindo ao seio da família e amigos. Bom regresso a casa. Encontrar-nos-emos no próximo sábado na Nazaré nos toiros, porque a vida não pára e os forcados de Alcochete irão estar presentes”.
“Pai, és o nosso herói!”
A chegada da fragata ‘Corte-Real’ a Lisboa pode ser resumida numa simples palavra: "orgulho". A expressão ouviu-se na boca do ministro da Defesa, na do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, na do comandante da fragata, mas também na de Rui, aos 9 anos, filho do 1º sargento Rui Pratas: "Estou muito orgulhoso do meu pai porque ele andou a lutar contra os piratas." A família foi em peso à Base Naval do Alfeite para celebrar o final de quatro meses de missão no mar – a mulher, dois filhos e os sogros do sargento levaram um pano com a mensagem "Pai, és o nosso herói!"
A viagem dos 220 militares, inicialmente prevista como um périplo por vários países aliados da NATO – numa força composta por navios de seis países, sob chefia portuguesa – acabou por se transformar na missão ‘Allied Protector’, de combate à pirataria.
A fragata ‘Corte-Real’ impediu pelo menos dois ataques de piratas na Somália, apreendeu armas das tripulações e ainda dois botes usados pelos piratas. A falta de legislação aplicável obrigou no entanto à libertação dos muitos criminosos, facto referido ontem pelo general Valença Pinto, Chefe do Estado--Maior General das Forças Armadas no seu discurso de boas-vindas: "As condições da vossa acção deixaram algum sinal de insatisfação. Prenderam-se os indivíduos e libertaram-se os indivíduos que se calhar passados uns dias poderiam voltar a fazer o mesmo." O general frisou, no entanto, que cabe ao poder "político e jurídico" resolver essa questão.
O comando da força da NATO SNMG1 passa agora para a fragata ‘Álvares Cabral’, que deverá partir
'FUZOS' TRAVAM PIRATAS
Os dez fuzileiros da Marinha que integraram a tripulação da ‘Corte--Real’ não tiveram um minuto de descanso no Golfo de Áden. "Fizemos mais de vinte abordagens a navios suspeitos e em dois casos conseguimos desarmar tripulações que se preparavam para fazer ataques a navios. Estávamos muito bem treinados, mas foi a primeira vez que tivemos de fazer este tipo de acções em cenário real. Correu tudo bem e demonstrámos as nossas capacidades", resume ao CM o sargento Guilherme Almeida, comandante dos fuzileiros a bordo.
Numa das missões, os ‘fuzos’ travaram 19 piratas num barco-mãe, a quem retiraram as armas e dois skiffs, pequenos barcos utilizados nos ataques. "Tivemos de fazer disparos para o ar para os intimidar, mas nunca estivemos debaixo de fogo", conta o militar.
VAZIO LEGAL NAS MÃOS DA ONU
Severiano Teixeira aterrou de helicóptero na ‘Corte-Real’, onde transmitiu a toda a tripulação "um testemunho de apreço e reconhecimento pela capacidade demonstrada ao serviço da NATO". Questionado sobre se estão previstas alterações na lei portuguesa que permitam aos militares acção mais punitiva em águas estrangeiras, o ministro da Defesa defende que "a solução para o vazio legal só faz sentido ser resolvida pelas Nações Unidas".
MÉDICA COM MUITO TRABALHO
Navegando por águas com temperaturas a rondar os 35 graus e humidade do ar a 90%, a 2ª tenente Sónia Pereira, a única médica a bordo, teve dias atarefados. Além das vacinas ministradas, a médica destaca um caso delicado: "Um dos marinheiros sofreu uma apendicite aguda e teve de ser retirado no Djibuti. Acabou por ser operado num hospital militar francês e regressou a bordo." Vários elementos da tripulação contaram ao CM que os muitos dias seguidos de mar foram às vezes difíceis de suportar.
(…)
José Carlos Marques/Correio da Manhã
Fotos da Net
GOLDFINGER
1 comentário:
Boa João. Missão cumprida!
Agora é hora da festa da família.
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