terça-feira, 7 de julho de 2009

AUTOPSICOGRAFIA




O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só as que eles não têm.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

Fernando Pessoa

Foto da Net

GOLDFINGER



2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Pois. Parece que anda muita gente a lembrar deste poema. Nos últimos dias já o li em vários blogues. Será alguma mensagem? Será moda? Ou simplesmente é coincidência?
Um abraço e tudo de bom

Mare Liberum disse...

Bem-hajas, amigo por me teres trazido um poema. Nem só de pão vive o homem e este meu coração satisfaz-se com um bom naco de poesia.

Beijinhos